quarta-feira, 9 de julho de 2014


09 de julho de 2014 | N° 17854
DAVID COIMBRA

A PIOR DERROTA EM 100 ANOS

Perdeu o futebol do grito, do hino cantado com a veia saltando da garganta, da patriotada, da porrada. Perdeu o futebol da vitória a qualquer custo, da simulação de falta, da malandragem abjeta.

Venceu o futebol do toque, da técnica, que sabe ser enérgico sem ser violento.

Venceu o futebol.

O fiasco histórico, acachapante, vergonhoso, ridículo, humilhante, catastrófico, o fiasco rotundo que merece um adjetivo para cada gol sofrido ontem, em Belo Horizonte, estava escrito já na escalação da Seleção Brasileira. Na ausência de Neymar, Felipão optou por colocar no time um jogador inexpressivo tanto no tamanho quanto na capacidade técnica.

O pequeno Bernard era uma criança ao lado dos gigantes germânicos. Com sua escalação, Luiz Felipe agudizou o erro que vinha cometendo durante toda a Copa: deixou o meio de campo desguarnecido, justamente o meio de campo, que é onde reside a força da Alemanha. Só que, desta vez, não havia Neymar para preocupar o adversário.

Mas não foi só isso. O maior fracasso da história centenária da Seleção Brasileira não poderia ter sido ocasionado apenas por uma escalação equivocada. Os erros foram muito mais graves e profundos, e quase todos podem ser atribuídos a Felipão. Ele próprio admitiu, dias atrás, que falhou na convocação – lamentou não ter chamado determinado jogador, cujo nome não revelou.

Mas ainda é pouco. Nenhuma Seleção Brasileira, por mais frágil que seja, pode levar 7 a 1, sobretudo se está jogando no Brasil. Felipão errou bem mais: em nenhum momento, nesta Copa, o Brasil demonstrou ter organização tática, jogadas ensaiadas ou um mínimo de consciência do poderio dos adversários que enfrentava. Felipão apostou na estratégia ultrapassada do grupo fechado contra o mundo de adversidades, da “raça”, da intimidação, da força da torcida.

O time do Brasil que pisou no campo do Mineirão, ontem, foi nada menos do que o pior de todos com que a Seleção já jogou uma Copa do Mundo, o que não é pouco: a Seleção jogou todas as Copas do Mundo. O lateral-esquerdo, Marcelo, começou o torneio fazendo um gol contra e seguiu sem conseguir jogar bem um único minuto.

O volante Fernandinho mostrou grande talento – para lutar no UFC, não para jogar futebol. Oscar, obviamente, não tem comido feijão na Inglaterra – provavelmente sofre de anemia. E, para arrematar, o ataque devia estar no gibi: o incrível Hulk e o patriarca da família Flinstone.

Por favor!


Não é preciso dizer que o Brasil mereceu perder. Isso ficou evidenciado no placar. Já deveria ter perdido antes, quando enfrentou inimigos menores. Infelizmente, topou, na semifinal, com uma Alemanha que tem um terrível defeito, a levar em consideração os obsoletos conceitos dos comandantes da Seleção Brasileira: a Alemanha joga futebol.

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