quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


26 de fevereiro de 2014 | N° 17716
PAULO SANT’ANA

A dor

Afinal, o que é a dor? Atestam os cientistas que a dor, muitas vezes, se constitui em sinalização de presença de doença importante.

Nesse ponto, penso que a natureza falhou: ela bem que podia poupar as pessoas da dor, sinalizando as doenças importantes por algo menos cruciante, como a dormência ou o arrepio.

E só porque existe a dor é que existe um dos mais pérfidos comportamentos do ser humano: a tortura.

Tenho aqui arrolada a hierarquia das piores dores.

1) A pior dor é a da cólica renal.

2) A segunda pior dor é a dor biliar, ocasionada por cálculos localizados na região do abdômen.

3) A terceira dor mais forte é a dor muscular, que pode ser ocasionada pela pessoa que pode ter realizado um esforço físico de forma inadequada, tendo produzido um mau jeito. Essa dor pode vir a se agravar com a inflamação de músculos e ligamentos.

4) A quarta maior dor da minha relação é a enxaqueca crônica. Tive amigos que a tiveram, sua queixa era candente. Não se conhece profundamente a origem da enxaqueca. Às vezes, a enxaqueca se manifesta pela fotofobia, que consiste em que a pessoa não possa olhar para a luz, o que lhe causa dor.

5) A quinta dor é a mais popular: a dor de dente, ocasionada por cárie ou também por abcessos que podem se romper e chegar aos nervos do paciente, provocando muitas vezes o inchaço da região.

Tive muita e inconsolável dor de dente na minha infância e juventude.

6) A sexta dor da minha relação é a dor do infarto. É uma dor terrível, parece que alguém está apertando literalmente o seu coração com uma das suas mãos.

7) A sétima dor da minha relação é privativa das mulheres: a dor do parto normal. Sabem lá o que é uma cabeça e depois o corpo inteiro do bebê saindo pelo seu canal vaginal?

8) Temos como oitava dor mais forte a dor de gota. É causada pelo excesso de ácido úrico no corpo e faz com que todas as articulações possam vir a inchar, doendo quando se movimentam.

9) A nona e famosa dor é da hipertensão intracraniana, quando há algo de errado com a nossa cabeça e ela acaba por fazer pressão sobre o crânio, não há assim para onde a dor se expandir e só um tratamento pode vir a curá-la.

10) Espantosamente, a última dor arrolada pelo meu levantamento é a dor da queimadura de segundo grau, mas consta que a dor de queimadura acima do segundo grau é pior ainda e só cessa quando for resfriada a região atingida, o que demora muito.

Temos, assim, a relação das piores dores. Idiotamente, não consta na minha relação uma dor cruciante, terrível, no meu entender pior do que a dor de dente, que é a dor de ouvido.

Já tiveram dor de ouvido os meus leitores? É algo difícil de suportar. E, quando eu era jovem, havia apenas remédios sedativos, que não cessavam por inteiro a dor, aliviando-a, digamos assim, pela distração.

O remédio mais popular do meu tempo era o Auris-Sedina.

Confesso ignorar os remédios para dor de ouvido que foram achados mais tarde pelo avanço da ciência, eis que há mais de 30 anos não vejo ninguém queixar-se dessa dor que foi célebre.

E duas dores proverbiais, a dor de cotovelo e a dor de corno. Algumas duram décadas.


Como doem!

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