sábado, 15 de fevereiro de 2014


15 de fevereiro de 2014 | N° 17705
PAULO SANT’ANA

Eu não disse?

Às vezes, derrubam-se sobre mim auras de profeta.

Vejam que estourou ontem um fato bombástico: o Internacional se nega por seu presidente, Giovanni Luigi, a custear ou pagar R$ 30 milhões por estruturas temporárias exigidas pela Fifa para sediar a Copa do Mundo no Beira-Rio.

A Fifa diz que a despesa é do Internacional, o contrato diz que a despesa é do Internacional, mas o Internacional se nega a custeá-la.

Fui um dos únicos jornalistas brasileiros a se atrever em escrever que a Copa do Mundo não podia e não devia ser realizada no Brasil.

Elenquei razões para justificar minha posição. Entre elas, as batidíssimas de que um país que não atende os serviços de saúde reclamados pela sua população não pode se dar ao luxo de gastar uma fortuna bilionária para realizar uma Copa do Mundo. Como há dinheiro farto para a Copa, se milhares estão há anos na fila dos ortopedistas do SUS?

Esse meu entender apareceu ontem com cores luminosas nessa negativa do Internacional em pagar uma despesa que é sua, que assinou que é sua – e no meu entender, vejam bem minha posição, é injusto que se derrube sobre o Inter tal despesa.

Por sinal, na minha posição original, firme, inédita e, modéstia à parte, corajosa de me levantar contra a Copa do Mundo no Brasil, eu adivinhava esse problema que agora surge e dezenas de outros que foram criados com essa insânia que acabou por desatar um derrame nas contas públicas nacionais.

Mas eu tenho uma sugestão para resolver o problema: que se faça uma vaquinha entre todos os que apoiaram calorosamente a realização da Copa do Mundo no Brasil, inclusive os jornalistas, para pagar essa despesa cuja não prestação, vejam bem, segundo o noticiário de ontem, ameaça a realização da Copa do Mundo em Porto Alegre.

Os que apoiaram a Copa aqui, pois, que decidam por participar de uma vaquinha comemorativa.

Vou tornar público um momento profundamente íntimo que tive anteontem em minha casa: quando Riveros fez o gol da vitória do Grêmio sobre o Nacional, fiquei tomado de uma tal euforia, que joguei os lençóis e almofadas longe e desatei a gritar dentro do meu quarto, como se tivesse enlouquecido.

Parte da, para mim, inédita euforia se dava também porque eu não acreditava na possibilidade de sucesso do Grêmio nesta Libertadores.

Foi sensacional a vitória. E, apesar de o Grêmio de Enderson Moreira ter tido grande mérito no triunfo, o Nacional se mostrou um time apático e sem ambição, contrastando com todos, absolutamente todos, que disseram antes do início da competição que o Grêmio pertencia ao Grupo da Morte: o Nacional que vimos anteontem desmentiu que o grupo do Grêmio seja homogeneamente forte.


Mas foi uma vitória espetacular. Valeu meu fiasco no meu quarto.

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