26 de fevereiro de 2014
| N° 17716
HOSPITAL DE CLÍNICAS
A radiografia de uma discórdia
O futuro do atendimento de 15 mil
pessoas que circulam diariamente pelo maior hospital universitário do Rio
Grande do Sul está em discussão. Uma polêmica envolvendo defensores do
patrimônio histórico e ambientalistas trava o início das obras de R$ 408
milhões no Clínicas, em Porto Alegre, que já deveriam ter começado há três
meses. O plano é ampliar o espaço. A emergência, por exemplo, triplicará de
tamanho.
OHospital de Clínicas de Porto
Alegre aguarda o desenrolar de um impasse que impede o início das obras de
ampliação e melhoria da instituição. O entrave se deve a uma divergência que se
arrasta desde 2012. O centro da questão está voltado para a preservação da
fachada do prédio. Caberá à Câmara decidir se aprova ou não o projeto.
Ambientalistas também questionam o corte de 240 árvores para a construção dos dois
anexos.
A discussão arquitetônica diz
respeito ao estilo modernista do prédio, que o elevou ao patamar de edifício
inventariado. Isso fez com que a Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural
(Epahc) impusesse restrições para colocar a obra em prática.
– Se aprovássemos do jeito que
está, infringiríamos a lei – diz Débora da Costa, diretora da Epahc.
Para tentar desemperrar a obra, a
prefeitura encaminhou para a Câmara uma proposta que autoriza uma alteração
pontual na lei prevendo que o projeto do Clínicas seja aprovado na íntegra. A
expectativa é de que o assunto entre em pauta dentro de 15 dias.
Ana Pellini, secretária de
Licenciamento e Regularização Fundiária, explica que dois quesitos importantes
previstos em lei eram descumpridos com o projeto do hospital. Um deles dizia
respeito ao Plano Diretor, que obrigava que o estabelecimento tivesse 4.145
vagas de estacionamento para atender a todo o complexo, mas a instituição se
propôs a fazer apenas 2.296. O outro é referente à lei de inventariado que impede
uma construção que interfira na fachada.
– Se fere a lei, a melhor solução
foi encaminhar à Câmara um projeto pedindo a exceção para o caso, considerando
que é utilidade pública. Lá é o local adequado para a cidade se manifestar
sobre qual é o valor maior: o arquitetônico ou a saúde – disse Ana.
Contestações à parte, o Clínicas
vive uma corrida contra o tempo. Conforme o engenheiro responsável, Fernando
Martins, se a obra não se iniciar em 2014, a instituição terá de devolver os R$
408 milhões para o Ministério da Educação, ao qual é vinculado por se tratar de
um hospital universitário federal.
KAMILA ALMEIDA E LARISSA
ROSO
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