14 de fevereiro de 2014
| N° 17704
DAVID COIMBRA
Tudo que quero da vida é tudo que
quero
Se tivesse conseguido tudo o que
queria na vida, teria me dado muito mal.
Sei disso agora, olhando em
retrospectiva. Houve coisas pelas quais lutei, lutei, lutei como um tigre, e
perdi. Fiquei frustrado com a derrota, custei a me conformar, mas acabei aceitando,
segui outro caminho e aí, surpresa!, aquele caminho que não pretendia seguir
levou-me ao remanso de um oásis, a uma clareira verdejante de paz e felicidade
e realização.
Certo.
Depois disso, lá vou eu de novo,
tocando a vida. E então surge-me um projeto, um plano para o futuro, e penso: é
isso que quero! E-xa-ta-men-te isso! E começo a trabalhar para que o projeto
seja bem-sucedido e me esforço e sonho e tenho certeza: agora vai!
Não vai.
Por algum motivo, apesar de todo
o meu empenho, o troço não funciona. Fico angustiado, me debato, tento,
insisto, mas, quanto mais esperneio, mais afundo, como na areia movediça.
Mas que
PRITZKLERKLWOLFREMBAERSON@!”@#$#KLIMBEST!!!
Nesse momento, lembro dos
chineses, que dizem, do alto de seus 5 mil anos de sofrimento: “Às vezes, você
não deve agir, não deve decidir, nem pensar; deve apenas deixar que a
correnteza do rio o leve para onde ela quiser”.
Sabedoria chinesa. Muito bem. É o
que faço. Fico quietinho, vou para onde sou empurrado e, passado algum tempo, olho
para meus encarquilhados projetos e digo para mim mesmo: Cristo!, como é que eu
queria tanto aquilo???
O que é isso? É o Destino tomando
as decisões por mim? A vida, estranha vida? Deus e Seus desígnios
inescrutáveis? Ou simplesmente a sorte, o acaso e a coincidência?
Não, não acredito em Destino. Se
houvesse Destino e eu fosse o herói da história, tudo daria certo, mesmo que
tomasse decisões erradas. Mas, não. Vez em quando, tomo uma decisão errada e me
dou mal. Dias atrás mesmo, tinha de tomar uma decisão. Ponderei. Refleti.
Consultei outras pessoas.
Tomei a decisão.
E errei.
Logo percebi que errei e, quando
erro, reconheço nem que seja só para mim mesmo, não fico dizendo “não me
arrependo de nada”. Erro e me arrependo, sim. Maldição.
Isso significa que meu percentual
de erro é muito grande. Quando acerto e sigo o caminho que queria, posso ter
pego o caminho errado. Quando não acerto, pago pelo erro cometido.
É uma sacanagem. Estão de
sacanagem comigo. Quem? A vida? O Destino? Deus? A sorte? O acaso? O que eles
pretendem com isso? Querem que aprenda algo com meus erros? Para quê? O que vou
fazer com toda essa sabedoria? Não sou um chinês. Não dá pra eu aprender com os
acertos?
Chega! Quero as coisas que quero!
Não quero que a vida me leve, quero levar a vida. Chineses? Seguir a
correnteza? Não! Quero subir em uma lancha, ligar o motor e tocar contra a
correnteza.
Vida, estranha vida. Desígnios
insondáveis. Trapaças da sorte. Deixem-me em paz! Parem de me empurrar para o
caminho certo.
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