11 de fevereiro de 2014 | N°
17701
PAULO SANT’ANA
TRT optou na greve
A desembargadora Maria Cristina
Schaan Ferreira, do Tribunal Regional do Trabalho, decidiu anteontem que são
permitidos os piquetes de grevistas diante das garagens dos ônibus, com o que
os grevistas que queriam trabalhar ficaram impedidos por este ato judicial de
fazê-lo, na greve dos ônibus de Porto Alegre.
Dá para acreditar nesse ato da
eminente juíza?
A Justiça do Trabalho existe para
mediar as relações entre empregados e empregadores.
Nesse caso dos ônibus, entrou um
terceiro elemento a se considerar, além dos donos dos ônibus e dos motoristas e
cobradores: os passageiros.
Diz-se, grosso modo, que a
Justiça do Trabalho, na maioria das suas decisões, decide em favor dos
empregados. Eu diria que isso é lógico, eles são a parte mais fraca.
No entanto, nesse caso a parte
mais fraca e indefesa é o 1 milhão de passageiros que estão há mais de duas
semanas sem poder circular.
E o que fez a desembargadora?
Cabalmente, decidiu contra eles.
Dá para acreditar?
Será que os pares da douta juíza
do TRT concordam com a decisão injusta dela?
Não dá para acreditar que
grevista que queira furar a greve, que ache ser injusta a greve, possa ser
impedido disso justamente por decisão da Justiça do Trabalho. Cá para nós,
leitores, dá para acreditar nesse ecoante contrassenso?
É muita gente contra os
passageiros: os grevistas e o tribunal. Chegam ou não chegam?
Só agora vejo que a Brigada
Militar e o governador estavam certos em ficar de braços cruzados diante dos
piquetes. Pois se a Justiça do Trabalho é a favor dos piquetes, como a Brigada
Militar haveria de ser contra? Entenderam?
Em suma, de um lado, estão os
grevistas e as autoridades. Do outro lado, estão os proprietários de ônibus e 1
milhão de passageiros.
Ou seja, do lado de 1 milhão de
passageiros que estão há duas semanas sem transporte, não há ninguém. É
inacreditável, mas não há ninguém a favor dos desamparados e inertes
passageiros, a não ser a companhia suspeita dos patrões. Assim, só podia dar no
que deu: os grevistas triunfantes e os passageiros derrotados e desmoralizados,
ainda mais agora que o tribunal, pela douta desembargadora, decidiu a favor dos
grevistas.
E depois eu não tenho de ficar
louco: uma desembargadora, que tinha de ter presente em sua mente e em seu
cargo a defesa justa e taxativa do direito dos passageiros de transitar em pelo
menos 30% da frota em greve, saiu em defesa dos grevistas.
É de enlouquecer e de não
acreditar em mais nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário