terça-feira, 11 de fevereiro de 2014


11 de fevereiro de 2014 | N° 17701
LUÍS AUGUSTO FISCHER

Santiago

Na mais recente Feira do Livro, encontrei meio por acaso, na Palmarinca, dois preciosos documentos em forma de livro: dois volumes, creio que até agora os únicos, de uma série muito bacana, concebida e editada por Susana Gastal, em edição própria (contato em gastal@gmail.com). Um se chama Edgar Vasques, Desenhista Crônico; o outro se chama Caminhos do Santiago – Neltair Rebés Abreu. Este último de 2011, e o volume do Edgar de 2013.

De que matéria se compõem os volumes? Há uma nota biográfica, uma extensa entrevista, alguns depoimentos e uma saborosa antologia de cartuns e quadrinhos dos autores. São portanto panoramas de vida e obra desses dois excelentes artistas do traço. Excelentes mesmo: não dá para imaginar a vida inteligente do Rio Grande do Sul, há mais de três décadas, sem a presença desses dois caras – por exemplo, o Sofrenildo, do Edgar, e o Macanudo Taurino, do Santiago.

Agora me chegou outro presente, complementar: um lindo volume, em tamanho de revista, chamado Causos do Santiago (Zarabatana Books, de Campinas, 2013). Trata-se agora de um conjunto de histórias, causos como diz o título, mas é mais que isso: como nota o Ziraldo, no prefácio ao livro, o Santiago escreveu, ou melhor, quadrinizou, suas memórias, com muita originalidade. E, meu amigo, ficou um livro de não perder por nada deste mundo.


Sem brincadeira. Tem o lado óbvio da validade do livro, porque se trata do Santiago, que sempre tem coisa interessante a dizer. Mas é mais, porque aqui ele repassa os tipos humanos que conheceu, valendo-se de todos os recursos pictóricos e literários que conhece, que são muitos. Cada duas páginas, em média, contam um episódio, e em cada um aparecem as cenas, as figuras, as palavras, e mais uns pequenos comentários, às vezes na forma de uma legenda mínima, secundária, que ironiza, comenta, sacaneia, enfim ilumina tudo de um jeito muito especial.

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