quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014


20 de fevereiro de 2014 | N° 17710
COPA

Babel de técnicos

Treinadores de 20 seleções falaram sobre a expectativa para a Copa na abertura do Congresso da Fifa, em Florianópolis

Raramente o termo “zona mista” foi tão bem utilizado quanto na tarde de ontem, na sala de imprensa da Fifa no Costão do Santinho, em Florianópolis. Mais de uma dezena de técnicos das seleções da Copa se espalharam por mesas de café para falar da expectativa para a Copa no Brasil. Em comum, a certeza de um torneio tão difícil quanto interessante, com a mistura entre a mística do país do futebol e a ira das manifestações previstas.

Tanto interesse fez a Fifa mudar os planos originais. A ideia de que os técnicos atendessem os repórteres em uma passarela foi abandonada depois que, ainda na hora da foto oficial, seguranças tiveram que fazer um cordão de isolamento para Felipão e outros treinadores, tamanha a quantidade de jornalistas. A organização resolveu, então, fazer uma coletiva só para Felipão, depois que seus colegas tivessem dado o recado. E manteve só os mais famosos restritos à passarela caso de Fabio Capello, da Rússia, e de Didier Deschamps, da França , mandando os técnicos das seleções menores sentarem à mesa com repórteres.

Louis Van Gaal, da Holanda, abancou-se num sofá e, como se fosse um avô contando histórias, foi cercado. Apostou na Alemanha como favorita, ao lado de Argentina e Brasil.

– Na história das Copas disputadas na América do Sul sempre houve um campeão sul-americano. Mas a Alemanha será um rival duro.

Depois, Felipão não devolveria a gentileza: concordaria com Van Gaal que a Seleção Brasileira é favorita.

– Um dos favoritos somos nós, pronto. Todo mundo sabe – afirmou.

No burburinho das entrevistas, sobressaía-se o sotaque luso: três técnicos portugueses derramavam-se em elogios ao Brasil. Entre os típicos “nosso grupo é difícil, os adversários são duros”, também se repetia uma avaliação sobre o momento político do Brasil após os protestos que agitaram a Copa das Confederações e as dúvidas sobre a conclusão de estádios como o de Curitiba.

– Sempre que o Mundial se aproxima, há questionamentos. Eu, nessa época, há quatro anos, ouvia que a África do Sul não poderia organizar a Copa do Mundo – disse o uruguaio Oscar Tabárez.

O português Fernando Santos, da Grécia, não crê em problemas que manchem o Mundial. Para ele, a imagem das manifestações que chega à Europa acaba sendo exagerada:

– Sei que a maior parte das federações tem receio com a segurança, mas eu não. Vivo na Grécia, e sei que as notícias que chegam à Europa não correspondem a toda a realidade, são apenas um retrato restrito. Isso certamente acontece com o Brasil. Acredito que o povo brasileiro terá bom senso em fazer uma grande Copa.


Colaboraram: Erich Casagrande, Gustavo Mesa, Marcos Castiel e Tiago Pereira.

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