08 de fevereiro de 2014
| N° 17698
NICO NICOLAIEWSKY 1957 -
2014
ALÉM DA SBÓRNIA
O ano de 2014 em que se celebram
os 30 anos do espetáculo Tangos & Tragédias marca também os 30 anos da
saída de cena do Musical Saracura, grupo que Nico Nicolaiewsky integrou ao lado
de Sílvio Marques, Flávio Chaminé (morto em 2004) e Fernando Pezão (substituto
de Gata, baterista da banda em sua primeira formação).
O Saracura fez seu primeiro show
em 7 de novembro de 1978, no Teatro do Círculo Social Israelita, e logo
conquistou o público gaúcho com sua mistura de MPB, rock e elementos da música
regional e latino-americana. Com apresentações sempre lotadas, o Saracura
lançou, em 1982, seu primeiro e único disco, que trazia sucessos como Flor,
Marcou Bobeira, Xote de Amizade e Nada Mais – gravado de forma independente, o
LP foi relançado em 1983 pela Continental. Nico e seus parceiros separaram-se
em 1984, no auge do sucesso, com um segundo álbum no horizonte.
A história do Saracura é tema de
um documentário em produção pela diretora Liliana Sulzbach. A homenagem aos 30
anos do fim do grupo teria como ponto alto o reencontro do Saracura. Nico,
Sílvio e Pezão ensaiavam para possível espetáculo comemorativo.
– Não tem uma frase que se possa
articular para dizer o que estamos sentindo. Foi tudo muito rápido – diz Pezão.
– Ficou tudo em aberto. Não tem
explicação. Ele era um cara forte, um mamute segurando aquele acordeão –
lamenta Sílvio.
Nico Nicolaiewsky deixou uma obra
não muito ampla, mas de grande riqueza e diversidade. Estudava piano desde
criança, mas dedicou-se à carreira solo apenas após a experiência com o Musical
Saracura e a formatação do Tangos & Tragédias. Seu primeiro disco solo saiu
em 1996: o álbum, que leva seu nome, revela “um compositor lírico, que até na
pele do Maestro Pletskaia insinua um certo ar de poeta romântico que caiu do
bonde do tempo”, como escreveu Luís Augusto Fischer em ZH.
Em 2002, lançou uma ousada
opereta, intitulada As Sete Caras da Verdade, que foi montada no Porto Alegre
Em Cena de 2010. Já em 2007, apresentou Onde Está o Amor?, seu último disco
solo. Buscando acentuar o apelo pop em suas composições, procurou, para
produzi-lo, o guitarrista do Pato Fu, John Ulhoa, com quem mantinha uma relação
de admiração recíproca.
– Acho as músicas (do álbum)
espetaculares – comenta Ulhoa. – Mostram muito do que foi o Nico, um artista à
flor da pele, o que é uma coisa rara hoje.
Nico também assinou trilhas
sonoras para produções como o filme Amores, do cineasta Domingos Oliveira, e os
curtas O Branco (de Liliana Sulzbach e Angela Pires, 2001) e A Invenção da
Infância (Liliana Sulzbach, 2001), além do longa-metragem animado Até que a
Sbórnia nos Separe (de Otto Guerra, 2013).
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