24 de fevereiro de
201478
Rosane de Oliveira
O prédio, as árvores ou a vida?
Está nas mãos dos vereadores de
Porto Alegre a decisão sobre o projeto de ampliação do Hospital de Clínicas,
barrado pelo Conselho do Patrimônio Histórico por alterar a fachada de um
prédio considerado ícone da arquitetura modernista. Entidades de defesa do
ambiente também se mobilizam contra o projeto porque ele prevê a derrubada de
240 árvores plantadas em 1977 _ metade das que estão na área do estacionamento,
em frente à Avenida Protásio Alves, ou 10% da cobertura vegetal de todo o
terreno do Clínicas.
Sou uma plantadora de árvores que
defende a preservação do ambiente, mas no caso do Hospital de Clínicas penso
que é preciso pensar primeiro na vida dos pacientes que dependem de atendimento
nessa instituição. As árvores que serão retiradas para a construção dos dois
anexos podem ser compensadas com o plantio de mais mudas em outras áreas.
Inadmissível é privar os pacientes do SUS da ampliação do atendimento em um
hospital de referência que está estrangulado pelo aumento constante da demanda.
O ideal seria compatibilizar a
ampliação do hospital com a preservação das árvores e da fachada, mas a direção
do hospital alega que isso é impossível. O prefeito José Fortunati se convenceu
de que, de fato, não há como construir os anexos em outro local. Entre outras razões,
porque a emergência _ que passará de 1,7 mil metros quadrados para 5,1 mil
metros quadrados, precisa estar em área de fácil acesso para ambulâncias e para
pacientes que chegam por outros meios.
Quem já visitou a emergência dos
Hospital de Clínicas em dias de superlotação (quase sempre), com pacientes
amontoados à espera de um leito e familiares sem um local adequado para esperar
notícias, tem dificuldade para entender a resistência ao projeto. Hoje,
médicos, enfermeiros e auxiliares mal conseguem circular entre os pacientes,
muitos deles acomodados em estreitas macas por falta de espaço.
Se a ampliação for autorizada,
três anos depois o número de leitos do Centro de Tratamento Intensivo subirá de
54 para 110. Com a liberação de áreas do edifício principal, serão instalados
mais 155 leitos de internação (hoje são 845), o bloco cirúrgico passará de 28
salas para 41, dobrará a capacidade de realização de diálise e de leitos de
endoscopia.
Os vereadores enfrentarão
pressões de todos os lados. Não será uma decisão fácil, porque a Câmara terá de
fazer uma escolha de Sofia entre o prédio, as árvores e a vida.
Na reprodução abaixo você pode
ver como ficará o prédio do Hospital de Clínicas e a parte em frente se a
ampliação for aprovada.
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