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sexta-feira, 27 de novembro de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Vexame
MANAUS - Lula tinha arquitetado dois palanques ontem em Manaus: um, interno, para inaugurar um gasoduto que ainda não serve para nada; outro, internacional, para liderar os presidentes dos oito países amazônicos em Copenhague. Seis deles não deram as caras.
Uribe, Morales, Rafael, Alan Garcia, o arroz de festa Hugo Chávez e até o presidente do pequeno Suriname ficaram de fora. Conclusão: Lula levou o seu troféu para a ocasião, o presidente francês Nicolas Sarkozy, para almoçar com o presidente da Guiana Inglesa e um punhado de ministros e assessores.
Dilma, evidentemente, marcou presença nos dois palanques. Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia ficaram no internacional, deitando falação para tentar explicar a complexa relação Brasil-EUA.
Garcia, que já admitira "decepção" com os rumos das coisas nos EUA, tenta explicar: "Decepção e desilusão a gente tem nas relações amorosas". Com os EUA "são divergências". Mas não são poucas.
Uma delas é que o Brasil se uniu à França -ou melhor, Lula se uniu a Sarkozy- para tomar a dianteira também em Copenhague, enquanto Obama falou, falou, falou, mas ficou limitado por forças econômicas americanas. Só sob pressão externa decidiu ir e apresentar proposta de corte de CO2.
É por isso que Amorim, ontem, depois de uma hora de conversa com Hillary Clinton, disse que ela "reconheceu que a proposta brasileira serviu de inspiração para outros países". Os próprios EUA. O fato é que Lula pensa alto, talvez alto demais. Quer liderar a América do Sul, chegar com a tropa amazônica para a conferência do clima e confrontar, dia sim e outro também, a maior potência.
Audácia é bom, e o eleitorado até gosta. Mas, quando passa do ponto, pode afugentar. Foi isso que ocorreu ontem em Manaus: Chávez, Uribe, a turma toda fugiu da mania de Lula de querer ser o líder de tudo. Soou assim: "Tou fora!"
elianec@uol.com.br
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