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sexta-feira, 27 de novembro de 2009
27 de novembro de 2009 | N° 16168
PAULO SANT’ANA
Pobres flagelados!
Todos os dias, a televisão e os jornais dão conta dos flagelados das chuvas e das tempestades.
Parece que há uma revolução na natureza. As pessoas são expulsas das suas casas aos milhares, metade vai para a casa de parentes, a outra metade é amparada pelos abrigos conseguidos pelas prefeituras.
E todos os dias se sucedem as inundações, os dramas vão se multiplicando na beira dos rios, famílias inteiras se tornam desabrigadas e passa pelo nosso pensamento que não serão socorridas a contento pelo poder público.
É fácil desconhecer a tragédia que atravessa as vidas dessas pessoas. Banalizam-se insistentemente os flagelos das enchentes.
Nada posso fazer por essas pessoas. Mas cumpro o dever apenas de voltar minha lembrança para elas e me apiedar de sua situação.
A tempestades e a alta dos rios se sucedem com frequência assustadora em todo o país. E, nos últimos dias, mais se tornou grave a condição desses flagelados.
Antigamente, a queda de uma descarga elétrica era um acontecimento raro, tanto que passaram a integrar o folclore os relatos das pessoas que eram atingidas pelos raios.
Agora é diferente: todos os dias aparecem vítimas fatais de raios no noticiário dos jornais.
Mas o que está havendo? Será que é mesmo real que o homem está destruindo a natureza e esses desequilíbrios meteorológicos são fruto da devastação das florestas e do efeito estufa, que já preocupa os dirigentes das mais importantes nações?
Anteontem, foi noticiado com ênfase o temporal que caiu sobre o distrito de Progresso, município de Três de Maio.
Os ventos atingiram as casas, os galpões, a escola, a igreja, um enorme ginásio e o centro comunitário.
A fotografia do ginásio destruído pelos ventos é impressionante. Sua estrutura desabou pelo chão.
Da mesma forma, o prédio onde ficava o setor administrativo da escola de Progresso teve suas telhas inteiramente arrancadas pelos ventos.
Os 30 alunos que se encontravam na biblioteca foram apanhados de surpresa pela tempestade e tiveram de se refugiar debaixo das classes. Felizmente não houve vítimas fatais.
No ginásio, as suas paredes e a sua cobertura foram inteiramente demolidos pelos ventos. E, na volta, os galpões de alvenaria desmoronaram.
Que fúria é essa dos elementos que dias atrás destelhou 11,5 mil casas somente no Litoral?
Será que de repente os ventos foram tomados de uma ira incontrolável e alcançam velocidades nunca antes conseguidas?
A Defesa Civil e os bombeiros se entregam a atividades estafantes. À medida do possível, os governos auxiliam os flagelados, mas permanece a impressão de que eles tiveram suas vidas arruinadas.
Por que tantos raios? Nunca se viu antes tantas descargas elétricas e tamanhas tempestades destruindo as pontes e levando os telhados por diante.
As estradas pioram, afundam-se no barro. As linhas elétricas se deterioram.
E a nós, aqui nas cidades grandes, imunes às tragédias, só nos resta levantar as mãos para os céus por não termos sido atingidos por essas tragédias e voltar o pensamento para os flagelados, cujas vidas nunca mais serão marcadas pela normalidade de outrora.
É o que estou fazendo nesta coluna, tentando estimular os governantes a liberarem mais verbas para as vítimas dos flagelos, inspirar a todos que socorram seus semelhantes atingidos pelas cheias e de alguma forma voltar a nossa solidariedade, ainda que abstrata, para os nossos irmãos das cheias.
Cheias que cada vez mais se agudizam, sabe-se lá por que fenômeno de zanga da natureza contra o homem.
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