terça-feira, 24 de novembro de 2009



24 de novembro de 2009 | N° 16165
PAULO SANT’ANA


A gravata e a bomba

Quem já viu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, de gravata?

Eu nunca o vi de gravata, mas é possível que ele alguma vez ceda à tentação dos costumes ocidentais tradicionais e vista esse apêndice da moda.

Por sinal, eu sempre admirei secretamente as pessoas que comparecem a solenidades e festas onde se recomenda a gravata nos convites e não vestem aquele adereço.

A pessoa enfrenta sem gravata o ambiente com a maior naturalidade, é única, entre todos, sem gravata e desembaraça-se com desenvoltura, parecendo não importar-lhe que esteja trajada diferente de todos e contra a recomendação da etiqueta.

Mas eu queria mesmo é falar do anãozinho Ahmadinejad. Vi-o ontem discursando no Itamaraty, o único sem gravata.

E fico a pensar no que deseja mais a autossuficiência de Ahmadinejad que não seja somente a destruição de Israel.

Quando ele nega tenha havido o Holocausto judeu, parece insinuar que ainda não houve o Holocausto. Ele próprio o cometerá dentro em breve, usando de armas nucleares que o Ocidente acusa que ele está elaborando. Quer atrair para si a primazia de destruir Israel.

Para ele, não tem meio-termo nem negociação, ele pretende “varrer Israel do mapa”.

E quem expõe assim seu ideal sem nenhum constrangimento, torna-se perigoso, daí por que as Nações Unidas e os Estados Unidos olham com desconfiança o programa nuclear iraniano, considerando o risco que será o Irã cultivar um artefato atômico.

Israel, por exemplo, possui a bomba nuclear. Consta que a Índia e o Paquistão já possuem artefatos nucleares.

Mas Israel não declara por nenhum dos seus governantes que quer varrer o Irã do mapa.

A Índia e o Paquistão têm conflitos, nenhum até agora que possa acarretar um ataque nuclear unilateral ou recíproco.

Com o Irã, se dá o contrário, e é por isso que o mundo se preocupa: suspeita-se de que seu plano nuclear esteja se desviando da finalidade pacífica, justamente para “varrer Israel do mapa”.

Por isso é que é naquele lugar do Oriente Médio que se concentram todas as preocupações mundiais.

No dia em que os serviços de informações de Israel detectarem que o Irã está avançando num programa nuclear não pacífico, é certo que o país dos aiatolás será bombardeado. Pronto, eis a guerra e todas as suas consequências desastrosas.

O que se nota, pois, é que só uma força pode romper o equilíbrio de poder militar no mundo: o ódio.

Nenhum dos detentores de energia nuclear bélica pode ter governantes fanáticos. Esse é justamente o temor que Ahmadinejad e o Irã inspiram.

Em cerimônia em que constava a entrega dos espadins aos novos capitães da Brigada Militar, fui agraciado sábado passado, entre outros homenageados, com a Medalha dos Serviços Distintos, outorga tradicional da Polícia Militar gaúcha.

Sinto-me honrado e agradecido com o galardão.

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