sábado, 14 de novembro de 2009



15 de novembro de 2009 | N° 16156
DAVID COIMBRA


O feijão mexido es-pe-ta-cu-lar

Alguém algum dia descobriu um feijão mexido es-pe-ta-cu-lar num bar ali na Floresta. Delicioso feijão mexido, sim, mas o importante nem era isso. O importante é que era barato. Formávamos uma turma de duros. Um ganhava um salário mínimo, o outro um e meio, o terceiro dois. E deu. No máximo, dois.

Aquele feijão mexido era o seguinte: custava em dinheiro de hoje uns três reais. Três reais, cara! Então, quando tudo parecia perdido e a fome estrangulava nossos estomaguinhos, íamos passear na Floresta.

O feijão mexido aterrissava fumegante na mesa, bem temperado com nacos de linguicinhas de porco da espessura de um minguinho, e aí a gente espargia um fio de azeite de oliva em cima e salpicava de molho de pimenta, ah...

Mas o melhor de tudo era o ovo. Preciso muito falar sobre aquele ovo. Um ovo assim: O ovo perfeito.

Frito, evidentemente. Mas não qualquer ovo frito. O ovo frito perfeito.

Acho engraçado quando as pessoas se referem a alguém que não sabe cozinhar como alguém que não sabe sequer fritar um ovo. Fritar um ovo não é para amadores. Em primeiro lugar, há que se desenvolver a ciência de quebrar a casca do ovo sem lesionar a gema.

Faz-se necessário um golpe seco, determinado, mas nunca violento. A casca deve se romper em definitivo, sem rachaduras, mas a membrana da gema, essa película tão meiga, não pode ser atingida. Tente fazer isso em casa, e verá como é difícil.

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