terça-feira, 10 de novembro de 2009



10 de novembro de 2009 | N° 16151
PAULO SANT’ANA


Faltou amálgama

Existe no ar esta questão: por onde os leitores costumam abrir o jornal Zero Hora?

Até anteontem, indubitavelmente os leitores abriam ZH pela minha coluna, as pesquisas são amassantes.

Mas desde domingo pode ter mudado esta escrita: o diretor de Redação de ZH, Ricardo Stefanelli, anunciou que os leitores de nosso jornal poderão abri-lo tanto pela minha coluna quanto pelo Informe Especial, página 3, que está sendo escrito agora pelo companheiro Tulio Milman, uma das mais destacadas afirmações do jornalismo brasileiro.

Foi um alívio para mim. O encargo de ser a abertura do jornal já estava vincando as minhas omoplatas, já não suportava mais esse pesado fardo.

Felizmente, já não é mais só minha essa responsabilidade.

Meus parcos ouvidos foram de encontro à entrevista do treinador Mário Sérgio instantes após o empate do Inter com o Barueri.

Mário Sérgio invectivou fortemente contra a imprensa, foi contundente com os repórteres e os redatores, afirmando que a imprensa só enxerga o lado negativo das coisas.

Que ingrato se revelou o treinador! Dias antes, a imprensa que ele profliga endeusou-o, chamando-o de único responsável pela vitória colorada no Gre-Nal.

A mesma imprensa que Mário Sérgio odeia, dias depois, classificou a conduta colorada contra o São Paulo, no Morumbi, como a maior atuação do Inter neste campeonato, isto apesar da derrota por 0 a 1.

E quem era o treinador do Inter nesses dois episódios? Mário Sérgio. A imprensa foi tão dadivosa com o Inter e seu treinador, que preferiu, como esta coluna já documentou, ocultar debaixo do tapete um pênalti escandaloso de Bolívar sobre Réver, consagrando a vitória colorada no Gre-Nal como indiscutível. E foi só de 1 a 0 a vitória, Mário.

Mário Sérgio, portanto, revela ingratidão se agora se defronta com tímidas críticas da imprensa.

Ele tinha o dever de suportar esse ralo fogo amigo.

Eu só estou criticando o Mário Sérgio, sobre quem tenho a pretensão de dividir sua amizade com o Guerrinha, porque foi ele próprio, o treinador, que disse assim ameaçadoramente a um repórter: “Faz esta tua pergunta amarga, mas depois vais ter de me ouvir”.

Então eu ouvi o Mário e agora estou lascando um pau ameno nele.

Por falar nisso, o pacto entre os jogadores colorados de que iriam ganhar as cinco últimas partidas do Brasileirão virou pó já no primeiro jogo.

Por sinal, foi meio estranho que os jogadores colorados tivessem feito somente entre si o pacto, sem convidar Mário Sérgio para aderir a ele.

Para mim, acredito que só para mim, pegou mal esse fato.

Como pactuar assim coisa tão importante e deixar o treinador, que os comanda, fora do compromisso?

Não é um indício de que a relação entre o treinador e seus jogadores não se constitui uma amálgama?

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