segunda-feira, 23 de novembro de 2009



Bananão desbanca vampiro

Divertido livro infantil que já vende mais do que "Crepúsculo" pode lhe ensinar algo sobre seu próprio filho

E squeça a vampiromania. A saga Crepúsculo perdeu o primeiro lugar na lista de best-sellers do jornal The New York Times. O mais surpreendente é que isso ocorreu na mesma semana em que estreava, mundialmente, cercado de alvoroço e marketing, o filme Lua Nova, adaptação para o cinema do segundo título da série Crepúsculo (Twilight, no original).

O novo número 1 da pesquisa do Times é o divertido Diary of a Wimpy Kid. No Brasil, Diário de um Banana.

São apenas três volumes: Diário de um Banana, Rodrick É o Cara e Dias de Cão – este último (Days Dog, no original) ainda não saiu no Brasil. Juntos, os três livros desbancaram os quatro que compõem a série vampiresca concebida por Stephenie Meyer.

Diário reproduz o cotidiano de Greg Heffley, um garoto magrelo e tímido que precisa lidar (fazendo o mínimo de esforço) com os incômodos da puberdade, os desmandos domésticos e os valentões da escola. Os volumes são escritos no formato de um diário, com linhas feito as de um caderno e desenhos bem toscos.

Dog Days, lançado na semana passada nos Estados Unidos, já é o livro mais vendido no site Amazon.com, ultrapassando inclusive o recente Dan Brown, O Símbolo Perdido. A procura foi tanta que a editora aumentou a tiragem inicial – de 3 para 4 milhões de cópias.

Alguns pais se mostraram preocupados. Nas primeiras cinco páginas do livro, aparecem palavras como “idiota”, “imbecil”, “babaca” e “meninas gostosas”. Especialistas advertem que aí não haveria problema. Sugerem, inclusive, que os pais leiam os livros. Joshua Sparrow, psiquiatra da Faculdade de Medicina de Harvard, leu o primeiro volume depois de ouvir comentários de um paciente e ficou entusiasmado:

– O livro capta o que a criança é capaz de conseguir e o que está além do alcance delas.

Lawrence Rosen, pediatra e fundadora do Whole Child Center, de Nova Jersey, diz que já conversou sobre os livros com a sua filha pequena. O que ela mais gosta no texto é que o personagem principal não é perfeito.

– O poder do livro está no banana, uma criança comum com problemas comuns, lidando com o que a vida oferece – diz Rosen. – Para os pais, acredito que ler os livros, ou pelo menos discuti-los com seus filhos, dá uma ideia mais real de como eles enfrentam o dia a dia.

O autor, Jeff Kinney, um designer de games de 38 anos, com um filho de seis e outro de quatro anos, diz que, em vez de oferecer lições de moral, preferiu focar no humor natural que aparece nas decisões erradas que as crianças geralmente tomam. Em um episódio do terceiro livro, Greg deixa seu melhor amigo ser castigado por uma diabrura que ele, Greg, havia aprontado.

– Decidi que a coisa certa, desta vez, era deixar o Rowley encrencado – comenta o garoto.

Kinney sublinha:

– Greg realmente pensa que ele fez a coisa certa e acha que aprendeu a lição. Você espera que em algum momento um adulto vá esclarecer tudo, mas isso nunca acontece. Se há uma lição no livro, é que façam o oposto do protagonista. Até o meu filho, que está no jardim da infância, entende que Greg está sendo malcriado e que não deve agir como ele.

Joshua Sparrow diz que parte do apelo do livro é que ele não moraliza.

– Se você tivesse uma voz onisciente dizendo para "fazer a coisa certa", os jovens não dariam a mínima. Isso dá espaço para a criança ser desafiada a decidir o que ela pensa.

Uma ótima segunda-feira e uma excelente semana

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