quarta-feira, 11 de novembro de 2009



11 de novembro de 2009 | N° 16152
PAULO SANT’ANA


Golpe de Mestre!

Raciocine comigo o leitor. Sem nos apercebermos, a governadora Yeda Crusius está lançando neste instante uma revolução salarial nos ganhos do funcionalismo público estadual do Poder Executivo.

É uma bomba arrasa-quarteirão. A ponta do iceberg dos projetos que a governadora está mandando para a Assembleia é a concessão de salário mínimo para os professores da ordem de R$ 1.500, e de R$ 1.200 para as praças da Brigada Militar.

Notícias que me chegam do Interior dizem que uma verdadeira euforia tomou conta das professoras, que nunca tinham tido um reajuste de tal proporção em seus salários.

Há professoras que serão aumentadas em 100% ou mais em seus ganhos. Milhares serão ainda aumentadas em torno de 50%, o que é algo inacreditável para uma classe que não vê reajustes substanciais em seus salários há décadas.

O mesmo ou quase o mesmo com os brigadianos.

Eu não sei se os leitores estão notando a repercussão político-eleitoral dessa medida. É alguma coisa quase surreal.

Ora, se a governadora assistiu sempre à magistratura, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas reajustarem os vencimentos dos seus integrantes anualmente, sem nenhuma falta, o que aliás é justo, porque a Constituição Federal manda, impera, ordena que sejam os vencimentos de todo o funcionalismo público reajustados, no mínimo pelo índice de inflação – ela deve ter raciocinado assim: se podem os outros poderes aumentar os seus integrantes, anualmente, sempre, sem se importarem com a repercussão orçamentária desses reajustes, então é também justo que os servidores do Poder Executivo sejam aumentados, eles que vivem à míngua há decênios.

Só que o Estado deve ter alguma coisa em torno de 250 mil funcionários, entre ativos e inativos, se mutiplicarmos isso por mais três familiares, temos aí 1 milhão de gaúchos, 250 mil mais 750 mil, beneficiados pela nova e revolucionária política salarial da governadora.

Só aí temos mais de 1 milhão e meio de gaúchos potencialmente inclinados a votar na reeleição de Yeda, contando os parentes mais distantes dos funcionários.

Porque, depois de pagar a Lei Britto, a governadora aumentou os vencimentos dos técnicos-científicos, dos delegados de polícia, vai aumentar os soldos da Brigada Militar e fatalmente terá de guaribar os salários do quadro geral.

Nunca houve algo igual no Estado. Eu fui funcionário público e sei quanto isso influi e de que maneira no espírito dos servidores. A governadora vai virar ídolo para eles.

O que eu quero dizer é que os mais preparados analistas políticos estão desconhecendo que esses atos da governadora mudaram radicalmente o quadro sucessório no Piratini, sabem os mais antigos cronistas políticos que quem sempre comandou as eleições gaúchas foram os funcionários públicos.

E, repito, sem que ninguém perceba, a governadora Yeda Crusius, além do mérito dos seus projetos de reajustes providenciais ao funcionalismo, está desfechando uma cartada de mestre, um golpe eleitoral magnífico como eu nem ninguém nunca tínhamos visto.

Golpe de mestre!

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