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domingo, 15 de novembro de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Microincidentes
BRASÍLIA - Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, o apagão que atingiu 18 Estados, mais de 60 milhões de cidadãos e paralisou o país foi um "microincidente".
Para o de Minas e Energia, Edison Lobão, foi um problema de "tempestade, vento, raios", e não se fala mais nisso.
Para o líder do PT, Aloizio Mercadante, "a oposição está muito nervosa, devia tomar maracujina". E, para Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia e manda-chuva do setor e do sucessor, "racionamento é que é barbeiragem".
Nessa profusão de pérolas, ninguém conseguiu superar o insuperável Lula. Vejamos o que o presidente disse: "Essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado ou retangular...".
E, assim, o mundo gira, sem que a oposição supere o trauma do próprio apagão e reaja politicamente.
Coube a Lula, não ao DEM (que até tenta) ou ao PSDB (mais perdido do que a gente em apagão), fazer as vezes de oposicionista-mor.
Dilma, com aquele jeitão dela, e Lobão, bem ensaiado, já tinham declarado o assunto do apagão, ops!, do blecaute, como "encerrado". E veio Lula condenar o "achismo" e cobrar uma investigação afinal séria e respostas definitivas. Se elas virão? Bem, aí é outra história.
Para sorte geral de Tarso, Lobão, Mercadante, Dilma e, principalmente, Lula, o mundo não só gira como gira rapidíssimo e pegou de jeito a obra mais vistosa do tucanato paulista. Antes mesmo do fim de semana, "a tempestade, o vento e os raios" que derrotaram o sistema elétrico brasileiro derrubaram três vigas de 40 metros do trecho sul do Rodoanel.
Não foram tempestade, vento e raios? Então que Serra dê um basta no "achismo" e exija investigações sérias e respostas definitivas. É melhor do que agradecer o "milagre" e dizer que foi "um presente de Deus não haver mortes".
PS - O anúncio dos caças é no dia 23.
elianec@uol.com.br
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