domingo, 22 de novembro de 2009


ELIANE CANTANHÊDE

Decolando

BRASÍLIA - A decisão sobre os novos caças da FAB está madura. Jobim decide as promoções das três Forças Armadas e encontra-se com Lula amanhã. Na quinta, reunião do Alto Comando da Aeronáutica.

Depois da gafe brasileira de anunciar o vencedor de um processo de seleção ainda em andamento, os concorrentes trocaram provocações e ironias ao longo do processo, fazendo romarias ao Brasil nunca antes vistas nos reinos da Suécia, da Boeing e da Dassault. Sinal de que o negócio é dos bons.
Cada proposta tem vantagens e desvantagens. A elas:

O Rafale, francês, integraria um pacote de submarinos e helicópteros, num processo diplomático de aproximação entre Brasil e França. Mas nunca foi vendido para nenhum outro país. Com seu uso apenas pelas Forças Armadas da própria França, não tem ganho de escala e o custo tanto do produto quanto da manutenção é alto.

O F-18 Super Hornet, dos EUA, é considerado o melhor avião, produto de um país que investe dez vezes mais que a França e cem vezes mais que a Suécia em equipamentos de defesa. Mas é também tido como o pior pacote: por mais que o governo norte-americano e a Boeing se esgoelem prometendo transferência de tecnologia, não há viv'alma em Brasília que acredite.

No caso do Gripen NG, sueco, ocorre o oposto: é apontado por setores militares e empresariais (inclusive a maior interessada, a Embraer) como o melhor pacote, com bom preço e transferência direta de tecnologia pelo sistema "aprender fazendo", de parcerias diretas desde o projeto.

Mas ele causa desconfianças como produto, pois não saiu do papel, é monomotor e tem partes inclusive dos EUA.

A FAB fez uma avaliação rigorosa e detalhada, mas técnica. A decisão é de Lula, política. Ele deve ensaiar bem, não só para evitar falar besteira, como para justificar a opção como melhor para o Brasil e os brasileiros. "Porque eu quero" não vale.

elianec@uol.com.br

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