sexta-feira, 27 de novembro de 2009


FERNANDO GABEIRA

Clima e fim de ano

RIO DE JANEIRO - Parto esta semana para um debate norte-sul, na Europa. Há quem veja contradição entre norte e sul. São os mesmos que veem a contradição como o motor da história. Vejo apenas diferenças. Creio mesmo que, pela primeira vez, dadas a natureza e a gravidade do problema, a humanidade pode viver a história como uma aventura comum.

Diante dos países e suas metas, não me sinto como numa mesa de jogo, onde cada um abre suas cartas. Por trás da magia dos números há processos concretos, mudanças no modo de produzir e de consumir. Tudo demanda cooperação.

No Protocolo de Kyoto, havia tentativas, uma delas o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Há outras sobre a mesa, como a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação. Sem contar a transferência de tecnologias, uma certa flexibilidade nas patentes.

Quando se trata de comércio, os ricos dependem também dos pobres. No caso do aquecimento, todos dependem de todos, mas de uma forma que pode levar à crueldade. A China é rica para comprar usinas solares dos Estados Unidos e todas as novas técnicas disponíveis. A Somália e o Haiti não. Esses, por sua vez, não causam impacto negativo ao ambiente.

Por que ajudá-los? Certamente não para conter emissões. O caso dos países de baixo impacto ambiental porque produzem pouco é apenas um deles. Mais urgente é o dos países pequenos que podem desaparecer. Na verdade, tudo parece urgente. E, felizmente, nem tudo depende dos líderes mundiais. Há um mundo de iniciativas em curso.

Quando voltar da Europa, nova vida. Vou me concentrar no estudo do oceano, embora o verão sempre coloque as enchentes na agenda. E vou deixar de escrever na Folha. Agradeço a todos os que me seguiram até aqui. Prossigo na internet. Adiós.

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