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segunda-feira, 17 de novembro de 2008
17 de novembro de 2008
N° 15792 - PAULO SANT’ANA
ABC da crise
Não tenho como fugir de um assunto que está em todas as mentes: a crise econômica.
O grosso do povo não se preocupa, mas as pessoas, digamos assim, mais responsáveis estão mergulhando em graves apreensões sobre o destino econômico e financeiro do Brasil e do mundo nos próximos meses.
Então o que se nota é um pavor no ar. Notícias vindas da Europa dão conta que por lá os empregos estão sendo extintos em 10 mil por dia.
Se continuarem a ser desempregadas 10 mil pessoas na Europa, em breve não haverá mais empregos por lá. A palavra mais empregada para definir a crise que nos aguarda: recessão.
Recessão é a queda da atividade econômica (isto é, o declínio do crescimento), com desemprego etc.
Mas vou no dicionário e vejo que há algo mais sério que a recessão: a depressão.
A depressão, ainda segundo o dicionário, é o período de declínio acentuado no nível de atividade produtiva e do emprego.
São quase a mesma coisa a recessão e a depressão. A diferença é que na recessão o declínio da atividade econômica e do desemprego não é acentuado.
Então lanço as mãos e os olhos para os céus e dou graças a Deus que nenhum jornal, nenhum diagnosticador ou prognosticador econômico usou até agora a palavra depressão para definir o que nos espera no ano que vem.
Pelo menos a palavra recessão é usada em todos os noticiários e admitida por todos os governos mundiais. Dos males o menor, se o que nos aguarda é uma profunda crise econômica por recessão, pior se fosse por depressão.
Afinal, por quantas vezes, nós que somos antigos ou velhos, já vivemos períodos recessivos aqui no Brasil?
Dezenas de vezes. E a economia sempre se recuperou dos períodos recessivos.
Angustiado e instigado pelos presságios sinistros da extensão da crise, cogitei de qual seria a conseqüência direta (ou causa indireta) da crise. E fui ver que era a restrição do crédito.
Ou seja, os financiadores estão com pouco dinheiro e passam a fazer exigências penosas para conceder crédito.
Não existe circunstância mais grave. Porque o crédito chega a ser, na minha modesta opinião, a essência, o sinônimo do capitalismo.
O capitalismo passou a existir no dia em que inventaram o crédito. O crédito é com certeza a maior invenção homem.
Pelo crédito, por um estratagema milagroso do capitalismo, gasta-se, isto é, usufrui-se antes mesmo de ganhar-se, ou seja, antes de ser-se merecedor da condição.
Por exemplo, pobre é quem não tem nada ou tem pouco e não tem crédito. Quem não tem nada ou tem pouco, mas obtém crédito, não é pobre.
Por isso é que esta crise anunciada é grave: ela atingiu a femoral do capitalismo, o crédito. Salve-nos, Deus.
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