sábado, 29 de novembro de 2008



ERROS CLÁSSICOS

Tenho espírito maligno. Adoro os erros dos outros. Especialmente os erros dos filósofos clássicos. Adoro lembrar detalhes sórdidos citados por um historiador secundário chamado Will Durant.

A humanidade, mesmo nos seus melhores momentos, foi terrível. Em Atenas, até hoje elogiada por sua democracia, de 400 mil habitantes, 250 mil eram escravos. Mulheres e estrangeiros também não contavam.

Aristóteles, o primeiro grande observador científico, achava que o homem possui oito costelas de cada lado. Já a mulher teria menos dentes que o homem. Talvez o homossexualismo dominante entre os gregos explique essas falhas de pesquisa de campo do gênio.

Spinoza, um dos filósofos mais em voga atualmente, via no medo e na esperança as explicações para as ações humanas. Era um determinista.

Apesar disso, considerava importante castigar os hereges, 'sem ódio', sendo importante, depois, perdoá-los por serem ignorantes. Meu filósofo predileto, o mal-humorado Schopenhauer, via as mulheres como seres de cabelos compridos e idéias curtas. O amor, segundo ele, é o resultado da ação dos instintos em busca do parceiro ideal para a reprodução.

Cada um procuraria no outro aquilo que não tem para legar ao rebento. As mulheres, tendo beleza, buscariam nos homens, mesmo feios, coragem, energia, determinação e atitude.

Schopenhauer não podia imaginar uma sociedade na qual o sexo, protegido por anticoncepcionais, não estivesse voltado para a reprodução.

Nos estudos sobre a metafísica do amor, o filósofo definiu que os homens preferem mulheres entre 18 e 28 anos, faixa ideal para ter filhos, com bom esqueleto, fundamental para carregar um filhote, mesmo com um rosto feio. Já as mulheres teriam predileção por homens de 35 anos, com uma boa situação financeira.

Pés pequenos e dentes fortes também contariam muito, pois os dentes, bem entendido, permitem uma boa alimentação.

Pobre filósofo, não podia prever a era das top models. Mulheres muito altas estavam para ele entre as menos admiradas pelos homens. Errou feio. Salvo se, como dizem as más línguas, a valorização das taquaras seja típica dos heterodoxos que mandam na moda.

Boa parte do que Schopenhauer escreveu não se aproveita. Basta pensar nesta pérola: 'Foi necessário que a inteligência do homem se achasse obscurecida pelo amor para que chamasse belo a esse sexo de pequena estatura, ombros estreitos, ancas largas e pernas curtas'.

Em contrapartida, afirmou que a vida de cada um oscila entre a dor e o tédio. O grande mal que tortura cada homem é o desejo. Só aquilo que não se tem alcança valor incontestável.

'Sentimos a dor, mas não a ausência da dor. Sentimos a inquietação, mas não a ausência da inquietação, o temor, mas não a segurança. Sentimos o desejo e o anelo como sentimos a fome e a sede.' Schopenhauer vai ao extremo: 'Se um Deus fez este mundo, eu não gostaria de ser esse Deus: a miséria do mundo me esfacelaria o coração'.

Garante que, se o criador fosse um demônio, não faltaria um acusador para dizer-lhe: 'Como ousaste interromper o repouso sagrado do nada para fazer surgir uma tal massa de desgraça e de angústias?'. Toda essa amargura é o resultado da falta de amor materno.

A mãe de Arthur só queria fazer festa. Schop não viu sereia alguma num doce balanço a caminho do mar. A simples vista de Gisele Bündchen teria mudado metade da sua filosofia. Mas acertou, como sabem os publicitários, no essencial: o ponto frágil da humanidade é o desejo.

juremir@correiodopovo.com.br

Um ótimo sábado e um excelente fm de semana - Gostei do texto endosso as palavras do Juremir

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