sábado, 22 de novembro de 2008



22 de novembro de 2008
N° 15797 - PAULO SANT’ANA


Remédios dos aposentados

Não adianta saberem os aposentados que o salário mínimo não é referência nem indexador dos proventos da aposentadoria.

Todos os aposentados calculam seus proventos com base no salário mínimo. E se despedaçam nesses cálculos, como veremos abaixo.

Acontece que o governo concede lautos reajustes ao salário mínimo, todos os anos, reajustando as aposentadorias em cerca da metade daquele índice.

Ou seja, o governo reajusta em alto índice o salário mínimo porque não é ele que paga, são as empresas privadas. Não quer reajustar pelo mesmo índice os aposentados porque o dinheiro sai dos seus cofres.

No entanto, o dinheiro do pagamento dos funcionários públicos federais sai dos cofres do governo e os reajustes aos servidores são também bem mais altos que o dos aposentados.

O que há mesmo, então, é uma política de arrocho salarial aos aposentados, um apartheid salarial perverso que considera os aposentados seres inúteis que já nada mais protagonizam na cena social.

O desespero deles é grande. E a descida do abismo nos reajustes obriga-os a protestos desesperados.

Causa também desse abandono é que os aposentados não se organizam para a mobilização em busca de justiça salarial.

“Prezado Sant’Ana. Sou assinante de Zero Hora há mais de 20 anos e, conseqüentemente, seu assíduo leitor, bem como ouvinte do Jornal do Almoço, diariamente.

Hoje, em seu horário na RBS TV, você abordou um tema que é por demais angustiante a nós, aposentados do INSS.

Vou diretamente ao assunto, se me permite. Sou aposentado do INSS há mais de 22 anos. Quando na ativa, trabalhei em multinacional durante 19 anos e, como era bem remunerado, descontava mensalmente 20% do meu salário, que era o limite máximo para desconto da Previdência Social.

Ao aposentar-me, em 1986, o INSS calculou minha aposentadoria em 9,12 salários mínimo da época, cujo cálculo era um percentual (no meu caso 81%) da média salarial dos últimos 36 meses, sendo 24 meses corrigidos pelo índice próprio deles e o último ano não era corrigido.

Pelos cálculos, minha aposentadoria ficou em 9,12 salários mínimos da época, hoje deveria ser R$ 3.784,80. Entretanto recebo R$ 1.945,39, ou seja, 51% do que teria direito.

Hoje estou com 66 anos de idade, sobrevivo da aposentadoria e, o pior, com esta idade são necessários gastos com medicamentos contínuos (os quais não são nada baratos).

Então, meu caro Paulo Sant’Ana, imploro a você que use de sua coluna e espaço na TV, além de seu prestígio e poder de audiência, para que tenhamos uma revisão, por parte do governo federal, em nossas aposentadorias, pois, da maneira que vêm sendo defasadas, em poucos anos estaremos todos ganhando apenas um salário mínimo,

o que não é condizente com os anos que contribuímos, pelo esforço que fizemos de manter um padrão econômico de classe média e, sem desmerecer outros aposentados, ganhar o mesmo que aqueles que nunca contribuíram para a Previdência Social. Atenciosamente, (ass.)
Antonio Câmara Duarte

“Sr. Paulo Sant’Ana. Assisti hoje a sua opinião no Jornal do Almoço e concordo plenamente. Vou lhe passar o que ocorreu comigo.

Durante muitos anos, contribuí para o INSS sobre 20 salários. Depois do Collor, o teto máximo foi reduzido para 10 salários. Continuei contribuindo com o máximo. Quando me aposentei, recebi 7,4 salários (cálculos absurdos que não entendi).

Pois bem, hoje recebo 3,3 salários. Neste ano, recebi de reajuste em torno de R$ 60. Meu plano de saúde aumentou R$ 125. Os remédios que, com a idade, necessitamos tomar diariamente subiram mais de 10%, sem falar em água, luz, telefone, aluguel.

A continuar assim, em cinco anos receberei um salário, enquanto nossos queridos deputados e funcionários do governo receberão aumentos de 15% a 20% ao ano.

Gostaria que dessem os nomes dos senadores e deputados que votarão contra a proposta do senador Paim para ver se algum aposentado irá votar neles. Um abraço, (ass.)
Sergio Cassel

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