segunda-feira, 10 de novembro de 2008



10 de novembro de 2008
N° 15785 - PAULO SANT’ANA


Assaltos sem mortes

Ficamos todos alarmados com o assalto a duas agências de banco no centro de Farroupilha. Metem medo esses assaltos, porque os ladrões medem força com a polícia, por tanta audácia, que dão a impressão de que têm predomínio sobre as forças da ordem, podendo decidir a qualquer momento quando farão nova investida, aterrorizando outra comunidade.

Torce-se também para que ninguém morra nesses assaltos.

Foi isso que aconteceu em Farroupilha. Ninguém foi morto. Os cerca de oito reféns aprisionados e soltos pelos assaltantes saíram com vida. Não houve atos de perversidade dos ladrões contra as pessoas que tinham indefesas em seu poder.

Eu falo isso porque nos dias que cercaram esse grande assalto em Farroupilha aconteceram inúmeros homicídios em várias cidades do Estado.

Era um comerciante morrendo com tiro na nuca num terminal da Trensurb, dona de casa sendo baleada e morta enquanto estendia roupa no quintal de sua casa, um chefe de família que foi buscar sua filha na escola sendo assassinado na frente de sua casa, as mortes se sucedendo numa rotina horripilante.

Ou seja, as mentes dos cidadãos têm sido acometidas por tanto medo com essa criminalidade incessante e cada vez mais abrangente, que são capazes até de saudar os assaltos que não terminam em mortes.

De um lado, os assaltantes de bancos de Farroupilha pareceram até se esmerar para não causar mortes entre seus reféns. Equipadíssimos, treinadíssimos, mas não demonstrando qualquer perversidade.

Enquanto isso, o crime artesanal, esse que está espalhado no Estado, vai fazendo vítimas de morte por toda a parte.

São assaltantes sem preparo para sua atividade, que ao menor sinal de reação de suas vítimas disparam contra elas. Ou então, sentindo que podem ser apanhados, não titubeiam em matar as pessoas que são vítimas de seus assaltos, muitas vezes sequer tendo lucro em suas tentativas de roubos.

Grande parte das vítimas de assaltos tomba por inexperiência dos assaltantes.

O que não ocorreu em Farroupilha, onde os assaltantes das agências dos bancos revelaram preparo na ação e um certo cuidado com a vida dos reféns.

Em Farroupilha, houve um refém que saudou o fato de a polícia não ter chegado a tempo de conter os assaltantes na hora em que se preparavam para fugir.

O sargento da PM que mais tarde seria baleado declarou que antes teve um dos assaltantes na mira do seu revólver, mas resolveu não atirar para evitar outras mortes, previsíveis na provável reação dos criminosos.

Ou seja, é muito bom que tanto os policiais quanto os criminosos poupem vidas durante esses assaltos.

O difícil de suportar sem revolta e remorso são os crimes sem justificativa cometidos por bandidos contra suas vítimas, uns por despreparo dos assaltantes, outros por crueldade.

O melhor seria a ausência completa de assaltos. Mas, caso eles sejam inevitáveis, que se exaltem tanto policiais quanto assaltantes que se recusam a matar ou evitam de qualquer modo que as mortes aconteçam.

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