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segunda-feira, 24 de novembro de 2008
24 de novembro de 2008
N° 15799 - LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
A literatura em perigo (I)
O nome de Tzvetan Todorov não diz muito ao leitor de romances. Trata-se de um professor, de um crítico, de um teórico da literatura, um dos nomes mais citados nos círculos acadêmicos. Nasceu em 1939 na Bulgária e vive na França.
Foi um dos protagonistas do pensamento estruturalista do século 20. Sua obra mais recente – e explosiva – é um livro de 89 páginas, saído pela Flammarion na coleção Café Voltaire, chamado A Literatura em Perigo (La Littérature en Péril), ainda não traduzido para a língua portuguesa. O título é chocante.
Todorov, atualmente pai de jovens escolares, está preocupado – dir-se-ia alarmado – com o ensino da literatura no Ensino Médio. Alarma-se com os professores que preferem ensinar teorias acerca da análise das obras e não a ensinar a compreensão das obras em si mesmas.
Isso deriva de um entendimento abstrato da literatura, que trata somente dos aspectos formais do romance (personagem, tempo, espaço, enredo, narrador etc.), e que não dão o passo seguinte, nada falam do que as obras significam, que mundos evocam – enfim, o que elas nos dizem e em que elas nos ajudam. Conhecer a literatura, assim, acabou por tornar-se mais importante do que compreendê-la.
A Literatura em Perigo possui certo tom de mea culpa; mas Todorov assevera que o objetivo do estruturalismo era a compreensão do sentido último das obras; ocorreu, entretanto, uma lamentável deturpação: o que era método tornou-se objeto, e o método substituiu a compreensão da obra em seus aspectos transcendentes e extra-literários.
O estudo na escola secundária não pode ter por finalidade ilustrar conceitos teóricos ou analisar os aspectos meramente técnicos de um romance, mas dar ao aluno um meio de entender a condição do homem sobre a terra.
Essas pedestres análises escolares, reduzidas a conceitos seguros – em que o professor não precisa, portanto, se arriscar – empobrecem o ensino e em nada colaboram para o crescimento do estudante.
Todorov tem esta frase, que deveria ser afixada em toda sala de aula, e que apenas traduzo: “O objeto da literatura é a condição humana; aquele que a lê e a compreende virá a ser, não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano”.
Mas Todorov não lança anátemas apenas sobre professores: lança acusações aos escritores de hoje. Isso veremos na seqüência, e é ainda mais grave.
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