Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
14 de novembro de 2008
N° 15789 - DAVID COIMBRA
O Velho Buk e os americanos
Lembro bem quando me caiu nas mãos o meu primeiro Bukowski.
Cartas na Rua.
Li aquilo e fiquei pensando: então alguém escreve assim! Alguém que faz a história escorrer página abaixo e faz com que ela penetre através dos poros dos dedos do leitor e logo a história já se lhe infiltra nas veias e lhe toma o corpo e a mente e o leitor é tomado, como se lhe atacasse a Bolha Assassina. Ah, o Velho Buk não era como aqueles estilistas nacionais, chatos para parecer profundos.
Como há desses por aqui, Deus! No colégio, uma vez eles me vieram com O Tronco do Ipê. Cara, foi uma dor ler O Tronco do Ipê. Todas aquelas mocinhas que enrubesciam ao ver os rapagões cofiando os bigodes.
Passei a odiar personagens que cofiam. Um personagem simplesmente não pode cofiar. Sobre o que se trata O Tronco do Ipê? Quem é mesmo o maldito autor de O Tronco do Ipê? Não faço idéia. Só sei que nunca mais quero ler O Tronco do Ipê, nem nada que seja remotamente parecido.
Mas o Velho Buk não tinha nada disso. O Velho Buk escrevia sobre pessoas de verdade, que não falam por mesóclise.
Bem. Tempos depois, alguém me disse, acho até que foi o meu amigo Sérgio Lüdtke:
– Todas as pessoas precisam ler o John Fante!
Uau! Era importante aquilo. Fui ler o John Fante.
Pergunte ao Pó.
Mal abri o livro, e com quem deparo na apresentação? Ele: o Velho Buk. E o Velho Buk dizia ali, sobre o John Fante, o que eu dizia sobre o Velho Buk: que John Fante escrevia com as entranhas.
Bukowski confessou ter se apaixonado de tal forma pelo personagem de Fante, um candidato a escritor chamado Arturo Bandini, que, certo dia, ao discutir com uma de suas ex-mulheres, bradou:
– Não me trate assim! Eu sou Arturo Bandini! Eu sou Arturo Bandini!
Eu sou Arturo Bandini. Gostaria de poder dizer isso. Porque Arturo Bandini era um homem de verdade, que cedia aos seus desejos, sem ceder a sua integridade. E é disso que o mundo precisa: de pessoas que saibam aproveitar a vida sem se aproveitar das outras pessoas.
Sugestão: nesta Feira do Livro, vá até a Praça e deixe que o Velho Buk ou que o grande John Fante tomem conta de você. Ou quem sabe outro mestre, Raymond Carver, ou Fitzgerald, ou Capote, ou Steinbeck, ou os noirs Raymond Chandler, Dashiell Hammett, David Goodis, Elmore Leonard... Os americanos, cara!
Os americanos com sua contemporaneidade selvagem, sua linguagem elegantemente crua, os americanos que são capazes de construir o novo capitalismo no século 19, abalá-lo no século 21 e possivelmente reconstruí-lo com um improvável presidente negro.
Os americanos inventores da democracia moderna, dos princípios morais da civilização, do jornalismo e do cinema. Viva os americanos, cara!
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