sexta-feira, 21 de novembro de 2008



21 de novembro de 2008
N° 15796 - PAULO SANT’ANA


Não me perguntes onde fica o Itaqui!

Por estar com problemas de saúde, não pude ontem ir ver e talvez cantar com Julio Iglesias no Teatro do Sesi, fiquei curtindo a saudade do grande amigo, o homem que na última vez que cantei com ele me ofereceu seus sapatos de dançarino, que guardo como um troféu em minha casa.

Às vezes, chego a ficar espantado com a facilidade com que conquisto a entusiasmada amizade dos cantores.

O grande cantor de tangos Fernando Soler, proprietário da maior casa de espetáculos de Buenos Aires, a Señor Tango, com capacidade para 2 mil freqüentadores, atração obrigatória de todas as noites para os turistas, cantou uma vez comigo aqui no Teatro da Ospa, quando interpretamos o tango Volver, também se apegou a mim por estreita ligação afetiva.

Todas as noites, em seu show de Buenos Aires, Fernando Soler pergunta à platéia que lota a sua casa qual a nacionalidade das pessoas.

Umas dizem que são japonesas, outras de demais países europeus ou da América, até que pergunta se há brasileiros. Levantam as mãos centenas de pessoas.

Então ele pergunta se há gaúchos. E os há. Aí ele provoca os gaúchos presentes: “Quem conhece lá o meu amigo Paulo Sant’Ana?”.

Isto acontece todas as noites de todas as semanas.

Muitas vezes, me encasqueta esta popularidade. Pergunto a mim mesmo: o que fiz para merecê-la? Não é o meu aspecto físico, já desmerecido pela idade.

Desconfio que seja pelo que eu digo, pelas minhas palavras, resultado do que penso. Talvez do meu jeitão.

Agora mesmo, o sr. Bruno Contursi, prefeito de Itaqui, simpático município que fica distante de Porto Alegre quase 700 quilômetros, telefonou para o vice-presidente institucional da RBS, dr. Afonso Motta, dizendo que a comunidade itaquiense exige a presença deste colunista no Jornal do Almoço que será apresentado naquela cidade na próxima sexta-feira.

Fiquei pensando comigo: aquela gente do Itaqui, gente boa, gente que admira a RBS pelas novelas da Globo, pelas transmissões de futebol da dupla Gre-Nal, pelo Jornal do Almoço, aquela gente amiga merece respeito no seu pedido de que eu vá até lá.

É longe, a viagem é estafante na ida e na volta. Mas e o povo de Itaqui que me admira, não merece que nós nos encontremos?

Mas é claro que merece. E eu só exijo um preço para a alegria de estar lá: grande churrasco de ovelha, assado pelo Zé Bigode, figura popular de Itaqui. E, se possível, muitos violões.

Vai ser uma festa. Onde tem borrego, eu viajo milhares de quilômetros para saboreá-lo.

Se a minha saúde permitir, eu vou me encontrar com os itaquienses dia 28. É um dever de consciência, ou melhor, de sensibilidade.

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