sexta-feira, 21 de novembro de 2008



E palavras - Emoção, razão, crise, futuro

Um desesperado e hilário norte-americano, via internet, escreveu que, para ele, essa crise econômica global é pior do que divórcio. O cara falou: perdi todo o meu dinheiro e minha mulher continua aqui! Piada machista, mas engraçada à parte, essa crise está dando o que pensar.

Não me lembro em que idioma a palavra ou ideograma crise significa crescimento. Deve ser em japonês ou chinês, não importa. Acho que a gente deve aproveitar momentos de crise para crescer.

Tentar aproveitar o limão para fazer limonada, como decretou o sábio ditado popular. Um amigo meu perdeu uma grana preta aplicando em ações de empresas brasileiras. Ele me perguntou o que fazer. Disse para ele que eu, tipo a quase totalidade, não entendo muito o que ocorre por aí, mas que ele teria basicamente três caminhos:

vender tudo, "realizar" as perdas, pegar o que sobrou e partir para outras; ficar parado, meio catatônico, aguardando a recuperação ou, terceira opção, vender uma parte da carteira de ações e depois ficar comprando e vendendo, aproveitando as fortes oscilações, para tentar diminuir o baita preju.

Óbvio que não dá para saber qual a melhor alternativa. Ninguém sabe se já chegamos mesmo no fundo do poço e se tem mesmo uma mola por lá, como dizem os otimistas inveterados.

Cedo para saber. Numa hora dessas, trabalhar razões, emoções, informações, boataria e tudo o mais é coisa para Freud nenhum botar defeito. De minha parte, fico lendo o Eclesiastes, da Bíblia, e acho que as coisas se repetem, mas que tem mais é de melhorar.

Reflito que o mundo e as pessoas, de repente, eram melhores e mais felizes quando havia mais natureza, simplicidade, ritmo de vida mais compassado, mistérios do bem e menos consumo, vaidade, violência, drogas e outras cositas dessa tal civilização.

Tomara que meu amigo decida pelo melhor, tomara que não fique a zero e que não precise constatar, como muitos, que o dinheiro aplicado em ações é risco, que pode virar pó.

Há muitos anos, um amigo, calejado, sintetizando o camoniano "saber de experiências feito", me disse, suspirando: é muito triste perder dinheiro na Bolsa.

Concordo com ele. Há outras formas menos tristes de ficar sem um tostão. Maquiavel disse que um homem esquece primeiro o dia da morte do pai do que o dia em que perdeu seu patrimônio.

Maquiavel tem de estar errado. Ao menos quanto a isso. Se estiver certo, que sirva de lição para pensarmos diferente. A hora é própria.

Jaime Cimenti

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