sexta-feira, 28 de novembro de 2008



28 de novembro de 2008
N° 15803 - PAULO SANT’ANA | CLÁUDIO BRITO (interino)

Humildade e constrangimento

A governadora Yeda mostrou humildade, mas não deixou de ser constrangedor vê-la dando explicações ao ministro dos Transportes. Confirmou-se o que o deputado Henrique Fontana dissera há uma semana ou mais.

O governo estadual antecipara-se ao incluir a anuência do ministério ao Duplica RS em seus documentos. O ministro foi o último a saber.

Dizendo-se chateado, anunciou a remessa de tudo a seus assessores técnicos, que lhe encaminharão pareceres. Então chegará à conclusão do que fará com o pedido gaúcho de prorrogação das concessões de rodovias.

É certo e indiscutível que nada avançará sem o sinal de permissão de Brasília. Também já se sabe que os prefeitos das cidades diretamente interessadas não querem o projeto como está concebido, apontando várias alterações que estariam sob exame agora.

Então, cabe a pergunta: para que tanta pressa?

Não tem sentido exigir-se da Assembléia Legislativa a votação do projetão dos pedágios em regime de urgência. Falta muito ainda para ele estar pronto e acabado.

E se pensarmos em tantas dúvidas em torno da constitucionalidade e legalidade da proposta de se espichar contratos por três períodos de governo sem licitação e sem previsão que tivesse sido afirmada na criação dos pedágios, será fácil adivinhar onde tudo vai terminar. Na Justiça, é claro.

Mais um lance de judicialização da vida em nosso país. Ou alguém duvida que isso tudo acabe nos tribunais?

Melhor que sejam revistos todos os pontos controversos agora. Mais prejuízos teremos se deixarem para depois. Ponderado será permitir que a sociedade compreenda e discuta a matéria. Necessário conceder aos deputados estaduais todas as chances de estudo e decisão.

É preciso ter humildade e recuar, evitando-se constrangimento irreparável.

Mais urgentes são outros problemas do Rio Grande. Perguntem aos professores e aos policiais. Eles dirão sobre seus vencimentos e prerrogativas.

Se há constrangimento em voltar de uma greve com as mãos vazias, importante ser humilde nessa hora.

O que não deve apagar a chama da justa reivindicação dessas e de outras categorias do serviço público.

E todos esses dramas são mais urgentes que os pedágios.

Já sabemos que haverá poucos agentes de segurança para as operações de verão, ainda que se esteja por nomear militares e civis por esses dias.

Há alguma contradição entre a vitória de um orçamento sem déficit e o sucateamento de tantas estruturas.

Dos presídios é desnecessário falar, todos sabem as pocilgas onde se amontoam aqueles que erraram e agora pagam, muitos deles, bem mais do que deviam, tema recorrente nos escritos do titular deste espaço.

O Sant’Ana reitera com razão: nossas cadeias impõem vingança em vez de justiça. Quem sabe um regime de urgência para isso também.

E não esqueçamos o constrangimento de se ter um posto policial do interior sendo despejado por atraso no pagamento de aluguéis.

O Estado ficou um ano inteiro sem pagar.

Com humildade, pediu socorro. Sem constranger-se, a sociedade acudiu. Foi o Consepro que pôs a conta em dia, mantendo abrigados os brigadianos

Organizo essas linhas com humildade e sem constrangimento.

Penso estar contribuindo modestamente com nossa governadora. Vejo-a soberana em ocasiões em que outros se recolheriam, o que é elogiável. Muitas vezes, sem humildade e constrangendo aos demais, como fez ao exigir silêncio das professoras com o dedo indicador sobre a boca.

Isso é soberba e não soberania. Então, nessas horas, criticável em algumas de suas atitudes. Como acontece com todos os mortais, é certo. Pode-se exigir mais dela? Sim. É o ônus que buscou com muita competência ao ser eleita.

O Duplica RS tem que entrar em decantação, precisa ficar livre de tudo que for duvidoso. A relação com os servidores tem que ser mais justa.

Ninguém precisa constranger-se em admitir, mesmo que seja aconselhável um pouco mais de humildade para se rever posições que se tornam nossos emblemas. Mais humildade, governadora, sem constrangimento.

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