Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
domingo, 30 de novembro de 2008
VINICIUS TORRES FREIRE
O maior banco do mundo
Mais incrível que a "ajuda a bancos" foi o Fed assumir a oferta de crédito cotidiana na economia dos Estados Unidos
O BC dos EUA tornou-se entidade estranha segundo o padrão das idéias econômicas. Apesar da crise braba, editoras de manuais de macroeconomia e economia monetária deverão ganhar um bom dinheiro com edições agora de fato revisadas de livros-texto.
O Fed entrou e vai navegar um tempão no mar da heterodoxia (nada a ver com o uso brasileiro do termo). O Estado comprou fatias de instituições financeiras (AIG etc.), deu crédito camarada a bancos, garantiu quem comprou banco quebrado (JPMorgan e Bear) e garantiu perdas de bancos semimortos (Citi).
Mas o Fed tem feito e vai fazer algo muito maior. Tornou-se um enorme banco de investimentos, não mais um "emprestador de última instância" (que tapa rombos emergenciais de uma instituição).
O Fed não trata mais apenas de um "problema de liquidez" (de oferta circunstancialmente restrita de dinheiro, quando bancos relutam emprestar até mesmo entre eles).
O Fed jorra dinheiro porque, mesmo a taxa "básica" efetiva de juros tendo caído abaixo da meta oficial de 1% (flutua em torno de 0,3%), o dinheiro não circula, a economia entrou em recessão e teme-se deflação.
Não há, na prática, mais diferença entre o objetivo maior da política monetária (inflação numa meta ou banda) e o de prover liquidez. O Fed parece fazer política monetária "quantitativa", de aumento de dinheiro na praça (em vez de se pautar pela meta de juros), coisa que se praticava há quase 30 anos.
Parece, pois o Fed não tem, claro, meta quantitativa, e a situação toda é heterodoxa.
O Fed vai comprar até US$ 540 bilhões de títulos de posse de fundos de investimento. Esses fundos obtêm seus rendimentos, e assim remuneram os aplicadores, de papéis comprados de bancos e empresas.
São fonte enorme de capital de giro. O Fed já tem na conta US$ 295 bilhões de "commercial papers" (notas promissórias, crédito de curto prazo), os papéis que financiam operações de empresas.Trata-se de 18% do total do valor desse tipo de papéis no mercado.
O Fed vai comprar US$ 200 bilhões de "recebíveis" de empréstimos para estudantes, para a compra de carros e para cartão de crédito. Isto é, vai comprar títulos lastreados nos pagamentos dessas dívidas. Enfim, vai rolar o crédito parado ou encarecido nesses setores.
O Fed vai ainda comprar até US$ 500 bilhões de títulos lastreados em pagamentos de prestações imobiliárias, hipotecas compradas e securitizadas pelas empresas privadas mas "paraestatais" Fannie Mae, Freddy Mac e Ginnie Mae. O valor no carrinho de compras do Fed deve equivaler ao do PIB brasileiro.
Isso não significa que o BC dos EUA está dando dinheiro. Significa que o mercado de securitização, o que faz o crédito rodar nos EUA, está ainda em coma.
Significa que o Fed assume ativos, coloca dinheiro fresco nas instituições financeiras, de modo que elas se animem a emprestar de novo -o que não está acontecendo, por medo ou falta de capital.
Caso estudantes, compradores de carro, de casas, empresas e bancos não paguem suas dívidas, o Fed perde.
Pode também recuperar o dinheiro público investido, mas isso não vai ser rápido, e nem o Fed vai conseguir vender tais títulos no mercado tão cedo -caso consiga.
vinit@uol.com.br
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