terça-feira, 11 de novembro de 2008



Livros, leitores, leitura

Não faz muito tempo, o leitor tipo assim meio padrão, especialmente em noites frias e chuvosas de inverno, tomava um romanção tipo Ana Karenina, de Tolstoi, e uma bebida quente e, se possível, ficava perto do fogo de alguma velha lareira.

Aí se deixava transportar, em silêncio, ou ao som de Mozart, para outras pessoas e mundos. Naqueles tempos, as pessoas liam um livro de cada vez, mesmo que ele tivesse seiscentas páginas.

Hoje a maioria lê vários ao mesmo tempo, fica "trecheando", lê artigos, textos da internet ou livros "sobre" os livros, tudo isso misturado com os ruídos da tevê, do trânsito, dos bares e os muitos outros de nossa época barulhenta. Nas livrarias, dizem as pesquisas, uns dez por cento de leitores compram obras de poesia ou ficção, digamos, mais puramente literária.

A maior parte compra livros para aprender algo ou um ofício, tentar resolver algum problema, auto-ajudar-se , autoconhecer-se ou saber da vida de alguém ou de algum período histórico.

É mais divertido ler um romance histórico ou uma boa biografia do que livros de História para saber o que parece que aconteceu em outros tempos. A maior parte da produção editorial é de didáticos, de venda compulsória e para grande público.

Mas é sempre bom constatar que, mesmo com mudanças não necessariamente ruins, livros, leitores e leitura seguem sua trajetória secular e não dão sinais de morte. Morte próxima, pelo menos, não.

O livro impresso é um dos objetos de design mais criativos e confortáveis e segue como uma das grandes invenções da humanidade. Segue não enguiçando, como disse o Millôr, acho.

Sei que estou sendo meio óbvio, mas diante dessas novidades todas, inclusive e especialmente o e-book, e justamente em plena Feira do Livro, nunca é demais comemorar a perenidade desse objeto querido. Por mais livros que a gente leia e mesmo com essa mania atual de ler somente partes das obras, sempre tem o momento de dar de olhos como um legítimo vira-página.

Meu último turn-pager foi Moinhos de Vento - Histórias de Um Bairro de Porto Alegre, no qual o jornalista Carlos Augusto Bissón conta com habilidade e sedução a história do Moinhos e de boa parte da história gaúcha destes últimos cem anos.

Fez isso através das narrativas sobre as vidas dos personagens, dos acontecimentos sociais, econômicos, culturais, políticos e históricos e, especialmente, mediante ricas descrições das ruas, habitações, costumes e muita coisa mais. Leia! Mesmo que você ainda não tenha a felicidade de morar no Moinhos.

Jaime Cimenti

Ótima terça-feira a você - Aproveite o Dia

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