sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022


11 DE FEVEREIRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

RETARDATÁRIOS DA VACINA

Merece atenção dos gestores da área de saúde do Estado e dos municípios a perda de ritmo no avanço na vacinação contra a covid-19 observada desde o final do ano passado. É preocupante a constatação de que cerca de 800 mil gaúchos estão com a segunda dose em atraso e outros 2,5 milhões que poderiam ter tomado o reforço não compareceram para aumentar a barreira de proteção contra o novo coronavírus e seus efeitos, em um momento em que o número diário de mortes no Rio Grande do Sul volta a ficar ao redor de 100.

Especialistas avaliam que o percentual da população com duas aplicações, na ordem de 73%, pode ser considerado satisfatório. É um nível semelhante ao de outros países que começaram as suas campanhas mais cedo do que o Brasil. Mas, no caso da dose extra, o patamar de 26% no Estado está bem abaixo do ideal. Especula-se que a recente onda de contaminações pela variante Ômicron explique parte das abstenções. Afinal, infectados precisam esperar 30 dias para se dirigirem novamente aos pontos de vacinação.

Tudo indica, porém, que há algo a mais por trás. Uma das principais hipóteses da hesitação é a falta de incentivo explícito por parte do governo federal. Tanto pela ausência de uma campanha mais assertiva quanto, mais grave, por uma postura dúbia que semeia dúvidas na população em relação à segurança e eficácia dos fármacos, algo já fartamente comprovado por estudos e na vida real em todos os países e, lógico, no Brasil, especialmente para evitar casos graves e mortes. Imunizar-se não é apenas um direito. Tampouco se resume à busca por um resguardo individual. É uma atitude que mostra a compreensão de que a grande vantagem das vacinas é a proteção coletiva que constrói na comunidade, para diminuir a circulação do vírus.

Não basta exclusivamente oferecer vacinas. O esforço de esclarecimento e conscientização, outra vez, tem grande importância na guerra contra a pandemia. Esta tarefa, portanto, tem de ser retomada de maneira mais proativa pelo governo gaúcho e pelas prefeituras. É um vácuo a ser preenchido. Pode parecer incrível, mas em pleno mês de fevereiro de 2022 ainda é imprescindível reiterar esclarecimentos sobre as vacinas, refutar notícias falsas e mostrar que os benefícios superam em muito qualquer eventual risco. A todo momento as estatísticas de hospitais mostram que a maior parte dos leitos é ocupada por quem não se imunizou ou deixou de tomar todas as doses indicadas. A busca ativa é outra estratégia que deve ser mais empregada para localizar os retardatários.

Vale o mesmo para a vacinação de crianças de cinco a 11 anos, amplamente recomendada pelas principais entidades médicas do país, como a de pediatria, e de demais especialidades ligadas ao combate à covid-19, mas que lamentavelmente ainda enfrenta a indecisão de uma parcela de pais. Assim, segue aquém do esperado. O aumento de internações deste público, inclusive em UTIs, em proporções inéditas desde o início da pandemia, é mais um sinal flagrante da urgência em ampliar a cobertura vacinal nos pequenos. Até ontem, conforme painel da Secretaria Estadual de Saúde, apenas 11% das crianças desta faixa etária receberam a primeira dose no Rio Grande do Sul. Muito pouco. São Paulo, onde a campanha anda a passos mais largos, o percentual já ultrapassou 50%. 

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