domingo, 20 de fevereiro de 2022


Suspense policial e horror

O sanatório (Editora Intrínseca, 480 páginas, R$ 59,90, tradução de Marcelo Schild) é o romance de estreia, com maturidade, da autora inglesa Sarah Pearse, nascida em Devon e que viveu muitos anos na Suíça antes de retornar ao Reino Unido. É, acima de tudo, uma envolvente trama com muitos elementos de suspense policial e terror.
Sarah estudou literatura inglesa e escrita criativa na Universidade de Warwick e concluiu uma pós-graduação em jornalismo. Seus contos já foram publicados em diversos veículos e este romance lembra, por sua forma inovadora e pelos seus elementos clássicos, O iluminado e, desde logo, Sarah foi comparada a gigantes da literatura policial e do terror como Agatha Christie, Stephen King e Alfred Hitchcock. O livro é destaque no mercado editorial mundial, com tradução em mais de dez idiomas, e tornou-se best-seller do The New York Times .O romance tem grande apelo cinematográfico e é bem provável que seja adaptado para a tela grande.
Escolhida para o clube do livro de Reese Witherspoon, a narrativa é ambientada em um resort isolado nos Alpes suíços. No alto da montanha e escondido pela floresta, o luxuoso Le Sommet tem um passado sinistro. Antes um sanatório para pacientes tuberculosos, ele caiu em ruínas e foi abandonado. Desde então circulam boatos tenebrosos sobre o lugar, que não cessam mesmo depois de ter se transformado em um hotel.
A detetive Elin chega ao hotel para celebrar o noivado do irmão, que não encontra há alguns anos. Logo que ela chega a noiva do irmão desaparece. O irmão pede uma investigação e Elin descobre que a noiva não foi a primeira a desaparecer em circunstâncias suspeitas no antigo sanatório. A investigação ocorre em meio à forte nevasca que bloqueou o local. Elin deve agir rápido, antes que o assassino ataque novamente. A detetive vai desvendando a história perturbadora do hotel e mergulha no passado de sua família para elucidar o mistério. Reviravoltas e final imprevisível estão na história, que arrepia os leitores.

Lançamentos

  • Logradouros da Cidade de Guaíba com Ascendência Africana (Editora Palavreado, 88 páginas), da professora Irlanda Gomes, natural de Westfália, fundadora e diretora do Grupo Face de Ébano, comenta, com fatos e fotos, acontecimentos da vida de ilustres afrodescendentes, cuja vibração está presente nos logradouros da cidade de Guaíba.
  • 10 Mandamentos: Do País que somos para o Brasil que queremos (Editora Almedina Brasil, 216 páginas, R$ 41,40), do sociólogo Luiz Felipe d'Avila, pré-candidato a presidente pelo Partido Novo, apresenta, em nova edição, diretrizes claras de um projeto liberal para o Brasil, com foco na recuperação da credibilidade da economia e da cidadania.
  • Uma caixa de bombons (Editora RJR, 260 páginas, R$ 38,00), novo romance do escritor e professor Alberto Dal Molin Filho, autor do romance As faces da gratidão, narra uma emocionante história de vida e superação de um morador de rua, mesclando realidade e ficção. Missão e objetivos podem promover mudanças em nossas vidas; esta é a mensagem maior da obra.

O Golpista do Tinder

Acho que desde que o mundo é mundo houve golpistas e vítimas de fraudes, crimes e estelionatos. Vai ver nas cavernas já colocavam pele de lebre em gato e homens já deviam aplicar ciladas com base em relacionamentos amorosos. Claro que, com o desenvolvimento da civilização humana, a coisa foi se sofisticando e os velhos golpes do vigário, do baú, do bilhete e outros foram parar nos meios eletrônicos, que, afinal, os golpistas precisaram se atualizar para faturar a grana dos incautos. Como se sabe, o poder da internet e, especialmente, dos aplicativos de encontros, podem ser utilizados para o bem e para o mal. A bondade e a maldade dos humanos continuam por aí, desde que apareceram no planeta. Conhecer pessoas e procurar namorado nas redes sociais e nos aplicativos pode ser prejudicial para a saúde.

O golpista do Tinder, filme da Netflix, mostra como um jovem adulto israelense conseguiu extorquir quase US$ 10 milhões de mulheres, mentindo que era milionário e filho de milionário e que estava perdidamente apaixonado por elas. O filme é a nova sensação entre os documentários da Netflix que tomam por base crimes reais. A realização é dirigida por Felicity Morris, que é uma das produtoras da série documental Dont F**k with Cats, na qual um grupo de fanáticos por gatos se junta para caçar um torturador de animais no Youtube. O grupo acabou ajudando a polícia a prender um serial killer - uma história quase tão doida quanto a de O golpista do Tinder.

Três belas loiras de países nórdicos foram vítimas de um hábil canalha estelionatário, que ficou prometendo amor, apartamentos e filhos para elas. É estranho como elas não notaram, de início, que os relacionamentos eram falsos e como foram pagando contas do criminoso e se envolvendo com suas artimanhas. Mais estranha é a afirmação do bandido, que ficou apenas cinco meses preso e agora está livre, leve e solto, em busca de novas aventuras. Ele promete contar sua "versão" sobre os fatos e mostrar que as mulheres se divertiam na empresa dele, viajando pelo mundo em jatos particulares e frequentando hotéis finíssimos com o dinheiro dele. É aguardar para conferir o que realmente aconteceu. Como diz o outro, bom jornalismo é o que apresenta a melhor versão da verdade...

Como era de se esperar, o filme divide opiniões. Uns reclamam de confusão entre documentário e reportagem jornalística e acham que o comportamento das mulheres envolvidas beira o surrealismo. Por que elas não desconfiaram dele? Quem gostou do filme aponta como o documentário assombrou ao escancarar os passos de um canalha estelionatário que só teve sua conta no Tinder cancelada agora, depois da estreia e da repercussão deste documentário, que mostra um conto de fadas altamente esquisito em tempos velozes de internet. Para quem gostou do filme, um dos argumentos é que as mulheres sabiam o que estava acontecendo e contam porque não desconfiaram dos pedidos de dinheiro do malandro.

A propósito...

É certo que um filme não precisa seguir as regras de um documentário. Igualmente certo que julgamentos envolvendo misoginia ou machismo estrutural por vezes não precisam ser levados em conta e que uma boa obra de arte abre caminhos e lança perguntas pertinentes. O certo é que a internet e as redes sociais, bem como o desejo humano por bens de luxo, pessoas perfeitas e relações de sonho, mostrados no filme, apontam para crenças e comportamentos da atualidade e nos fazem pensar sobre como somos e o que queremos. E fala de quanto estamos dispostos a pagar por isso tudo. É preciso ter cuidado com os desatinos do amor, o culto à ostentação e o poder do consumo de luxo. Ninguém está livre de cometer loucuras, mas ainda existem alguns limites por aí. Ou não.

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