ENERGIA PARA O DESENVOLVIMENTO
A viabilização do projeto do grupo espanhol Cobra, que inclui um terminal de regaseificação e uma usina termelétrica em Rio Grande, promete benefícios econômicos significativos não apenas para a Zona Sul, mas para todo o Estado. O complexo, que desde 2008 enfrenta idas e vindas, entre esperanças e frustrações, recebeu um decisivo impulso na segunda-feira, quando a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) concedeu a licença prévia para o terminal e para a usina.
O empreendimento de R$ 6 bilhões, que ao se concretizar será um dos maiores investimentos privados já realizados no território gaúcho, garantirá maior segurança energética para o Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, ampliará a oferta de gás natural, insumo estratégico utilizado para inúmeros fins.
É lógico que as cidades mais próximas e Rio Grande, sede do projeto, terão as mais relevantes benesses. Estima-se que ao longo da construção possam ser criados até cinco mil empregos. É algo a ser entusiasticamente celebrado, diante das altas taxas de desocupação observadas no país. Enquanto o complexo é erguido, gera-se demanda adicional para a indústria e setor de serviços, movimentando também o comércio da região. A disponibilidade de gás natural no Porto de Rio Grande descortina ainda possibilidade de uma série de indústrias serem atraídas e se instalarem no local, dando mais tração à economia e abrindo mais postos de trabalho. Surge, neste círculo virtuoso, a grande chance para a Zona Sul se recuperar do trauma do naufrágio do polo naval, onde a euforia deu lugar à decepção em poucos anos.
Para o Rio Grande do Sul, o projeto tem caráter estruturante. Hoje, o Estado tem de importar de outras regiões do país grande parte da energia que consome. A usina de capacidade projetada de 1,2 mil megawatts (MW) aproxima os gaúchos da autossuficiência. Com a vantagem de ser uma matriz firme, livre de intermitências. Ou seja, não depende de condições sobre as quais não se pode ter controle, como chuvas, insolação ou ventos. Entre os combustíveis das termelétricas, é preciso lembrar, o gás natural é o menos poluente.
Associado à usina, o terminal de gás natural liquefeito (GNL), por outro lado, pode ser a solução para outro gargalo que há anos o Estado tenta contornar. A oferta de gás natural atual se limita ao Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), com capacidade praticamente esgotada. Uma disponibilidade adicional favorece não apenas a Zona Sul, mas abre a possibilidade de o insumo, sinônimo de competitividade, ter o uso territorialmente ampliado por meio de gasodutos, ramais ou outros meios de transporte. Tanto por indústrias e outros estabelecimentos como na forma de Gás Natural Veicular (GNV).
Do complexo hoje controlado pelo grupo Cobra, um píer e uma linha de transmissão já tinham licença emitida. Para ser viabilizado, resta solucionar a questão que envolve a outorga da usina, com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Espera-se que, com a posição agora da Fepam, este entrave seja rapidamente resolvido e o projeto, de vital importância para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, possa finalmente começar a sair do papel.
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