Braskem fará parada de manutenção no polo petroquímico de Triunfo de março a julho
Para 2022, empresa projeta investimento de cerca de R$ 840 milhões em suas unidades gaúchas
BRASKEM/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Jefferson Klein
Está prevista para durar do final de março até o fim de julho a realização da parada geral de manutenção das plantas de polietileno, polipropileno e da central de matérias-primas (antiga Copesul) que a Braskem possui no polo petroquímico de Triunfo. A ação, que é realizada a cada seis anos, faz parte de um plano de investimento de cerca de R$ 840 milhões que a companhia pretende aportar em 2022 em suas unidades no Rio Grande do Sul.
O gerente de Relações Institucionais da empresa no Estado, Daniel Fleischer, comenta que a iniciativa era para ser desencadeada mais cedo, mas foi postergada em função da nova variante do coronavírus, a Ômicron. Durante a parada no Rio Grande do Sul, a Braskem irá abastecer seus clientes com estoque e com a produção dos seus complexos em outros estados. A unidade de eteno verde (feito de etanol) da companhia em Triunfo continuará operando neste primeiro semestre e deve fazer sua parada apenas em novembro. A ampliação da capacidade dessa estrutura (de 200 mil toneladas para 260 mil toneladas anuais) é outra medida que faz parte do pacote de investimentos projetado pela empresa para este ano.
As paradas de manutenções têm como objetivo melhorar a segurança e a performance operacional, no entanto, apesar do anúncio dessas ações, a Braskem tem sido alvo de críticas de sindicatos que representam os trabalhadores petroquímicos do polo de Triunfo, o Sindipolo (que agrega os empregados diretos) e o Sindiconstrupolo (terceirizados), justamente quanto à insegurança de procedimentos. A nota “Emergência no Polo RS” foi divulgada nesta semana pelas entidades após um problema na operação de uma das unidades da Braskem no domingo (13), que chamou a atenção pelas fortes chamas que saíam do flare (espécie de chaminé que é acionada para a queima de gases residuais). O incidente ocorreu por volta das 20h e, segundo informações da empresa, foi devido a um curto-circuito.
Conforme o comunicado dos sindicatos, “outros acidentes químicos ampliados já ocorreram no polo e as empresas têm o costume de minimizar a gravidade das ocorrências e seus impactos, sejam na saúde dos trabalhadores ou ao meio ambiente da região”. Somente no ano passado, o presidente do Sindipolo, Gerson Cardoso, cita um incêndio na unidade PE-5 da Braskem (a mesma planta da ocorrência nesse domingo), vazamento de produto hidrocarboneto em tubulação e outro incêndio em forno da área de olefinas. O sindicalista reclama da falta de transparência da Braskem quanto aos acontecimentos. “Essa preocupação não é de hoje e sempre que a gente procura (a companhia) as informações vêm picadas, desconectadas, incompletas e isso aumenta a insegurança”, lamenta o dirigente.
Sindipolo aponta para "sucateamento" de equipamentos
Problema operacional ocasionou acionamento das chamas do flare no domingo
SINDIPOLO/DIVULGAÇÃO/JC
De acordo com o presidente do Sindipolo, Gerson Cardoso, está ocorrendo um “sucateamento” dos equipamentos no polo petroquímico gaúcho porque a Braskem deixa de fazer as manutenções com a frequência que seria necessária. “Antigamente, tínhamos a manutenção corretiva, deu problema se corrige, e as manutenções preventiva e preditiva (para antecipar e evitar possíveis dificuldades), agora é mais a corretiva do que qualquer outra, tem que quebrar para depois consertar”, comenta o dirigente. O sindicalista defende que é preciso ter mais trabalhadores na operação, manutenção e segurança industrial, além de melhorar o treinamento e a comunicação com os funcionários. No momento, são em torno de 2,15 mil trabalhadores diretos atuando no polo petroquímico, sendo cerca de 1,65 mil empregados pela Braskem. Na década de 1990, Cardoso lembra que o polo chegou a ter aproximadamente 5 mil funcionários diretos. Quanto aos terceirizados, hoje são cerca de 3,5 mil atuando no complexo, em média.
Sobre a ocorrência de domingo, o gerente de Relações Institucionais da Braskem no Rio Grande do Sul, Daniel Fleischer, diz que, em termos operacionais, o procedimento foi feito dentro do padrão. “Deu falha no processo, joga para o flare, queima e pronto, tanto que foi rápido, não durou nem uma hora”, informa o dirigente.
Quanto às demais reclamações dos sindicatos dos trabalhadores, Fleischer argumenta que esse é um papel legítimo dessas entidades, porém ele considera que pode haver alguns exageros nos apontamentos feitos. “Há um histórico positivo da Braskem em termos de resultado de saúde, segurança e meio ambiente, não há precarização. Às vezes eles acusam e nem sempre corresponde ao que vem acontecendo”, afirma o gerente de Relações Institucionais.
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