sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022


A ordem liberal e as economias socialistas por Hayek
Os clássicos ensaios de A Ordem Econômica e a Livre Iniciativa - As contradições das Teorias Socialistas (Avis Rara- Faro, 272 pág, R$ 59,90, tradução de Carlos Szlak) do grande pensador e professor austríaco F.A. Hayek (1899-1992), Prêmio Nobel de Economia em 1974 ,são reeditados em boa hora, justamente no momento em que políticos em todo o mundo estão preocupados com o movimento contínuo em direção a mais controle governamental.
F.S. Hayek escreveu mais de quinze livros, entre eles The Constitution of Liberty and Law e Legislation and Liberty, que serão lançados pela Avis Rara. A editora tem no catálogo Os erros fatais do socialismo e O renascimento do liberalismo. Hayek esteve no Brasil três vezes, entre 1977-1981 e tanto os governantes da época quanto os intelectuais não lhe deram atenção.
Hayek faz forte crítica à falta de programas verdadeiros de quem combate a intervenção estatal exagerada. Nestes ensaios, publicados nas décadas de 1930 e 1940, o autor discute tópicos de filosofia moral e das ciências sociais aplicados à teoria econômica como diferentes aspectos de uma questão central: mercados livres versus economias socialistas.
Esta edição inclui as análises do autor sobre a ordem econômica liberal, os problemas enfrentados por economias socialistas, bem como suas derivações surgidas nas últimas décadas mas que se estruturam pelos mesmos pilares: governos interventores, coletivismo, burocracia estatal, assistencialismo e sustentabilidade global.
Como se constata, as idéias originais e instigantes de Hayek, seguem contribuindo para iluminar questões que ainda nos afligem, em nível global, e para pensar em novos rumos, especialmente depois dos efeitos mundiais que a pandemia provou na economia e na política. Segundo o pensamento defendido por Hayek, as propostas de intervenção estatal continuam a ser oferecidas, embora com novas embalagens.

Lançamentos

Cabala e a arte de apreciação do afeto (Editora Rocco, 144 pág, R$ 44,90) é o novo livro do consagrado rabino e escritor Nilton Bonder, e aponta as diferenças entre existir e viver a partir dos ensinamentos sapienciais da Cabala. Questões sobre afetos e como os apreciamos estão na obra.
O Almanaque de Naval Ravikant (Editora Intrínseca, 240 pág, R$ 44,90) de Eric Jorgenson, prefácio de Tim Ferriss e ilustrações de Jack Butcher, é um guia para a riqueza e a felicidade e parte da idéia de que ficar rico não é questão de sorte e que felicidade não vem de berço.
Quando deixamos de entender o mundo (Todavia, 176 pág, R$ 59,90) de Benjamín Labatut, traz ficção envolvendo gigantes como Einstein e Schrödinger e outras figuras menos conhecidas que atingiram o "ponto de não retorno" do pensamento e nos revelaram o "núcleo escuro do centro das coisas".

Mas é Carnaval!

Escrevo estas linhas nesta terça-feira, 22 de fevereiro, quatro dias antes do Carnaval 2022. Esperava que acontecesse mais ou menos o que acabei de ler na Wikipédia sobre a festa: "O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile combinando alguns elementos circences, máscaras e uma festa de rua pública. As pessoas usam trajes, permitindo-lhes perder a sua individualidade cotidiana e experimentar um sentido elevado de unidade social."

Ainda sentindo os efeitos da pandemia, a festa não será como de costume. Ano que vem, quem sabe, vamos experimentar "um sentido elevado de unidade social" e pensar no Brasil como um todo, com os bons interesses públicos pairando sobre nossos interesses individuais. Como sempre, alguns mais comedidos e quietos vão aproveitar os dias de Momo para ouvir o silêncio e contemplar as águas de algum rio em alguma pousada no interior ou em algum sítio. Alguns vão, como sempre, buscar um retiro espiritual e curtir o silêncio, a solidão, as orações, água e comidinhas leves para não precisar de remédios depois das refeições.

O mundo sempre se dividiu em Pierrots palhaços tristes, Arlequins alegres e brincahões e lindas Colombinas embolando o meio de campo. Nós, brasileiros, vivemos bastante esta dualidade Pierrot-Arlequim. "Um nasce para sofrer, enquanto o outro ri", como dizem os versos de Azul da Cor do Mar, imortalizados por Tim Maia. "Mas quem sofre sempre tem que procurar / pelo menos vir achar/ razão para viver/ ver na vida algum motivo pra sonhar/ Ter um sonho todo azul/ Azul da cor do mar" são os outros versos da canção.

Conta uma antiga lenda veneziana que, em tempos antigos, durante os dias de carnaval, não se aplicava a lei que punia o adultério, que naquele tempo ainda era crime e tal. As festanças e os amores devem ter sido grandes, e aí um costume ou lei posterior mandou que a punição ao adultério não fosse aplicada durante o carnaval desde que os envolvidos estivessem usando máscaras...

Hoje em dia estamos lidando com as máscaras chatas e necessárias da pandemia e vamos curtir um carnaval com essas cautelas, receios e descuidos que andam marcando nosso convívio nestes últimos tempos. Tomara que no ano que vem o Carná volte ao "normal" , se é que este adjetivo pode ser aplicado à festa pré-quaresma. Bem que a gente precisaria de uns dias com excessos, umas loucurinhas e um oxigênio para depois enfrentar o "ano eleitoral" que já está aí, desafiando os nervos da galera.

É bom lembrar que lá pelo ano de 325 da era cristã a Igreja Católica tentou dar uma cancelada nas "festas e rituais pagãos" e aí mais adiante vieram algumas "adaptações". O carnaval moderno, com seus desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XX e Paris foi o principal modelo exportador da festa. Nice, Santa Cruz de Tenente, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspiraram no carnaval parisiense. O que é o estudo, não é? Obrigado Wikipédia e pacientes foliões e ermitões leitores.

A propósito...

Pois pensando bem, nesse nosso Carná 2022, pré-eleitoral, teremos uns bons dias para pensar com calma sobre a "marcha dos acontecimentos", sobre as máscaras da pandemia e outras máscaras que muitos usam antes, durante e depois do carnaval. Muita coisa está por acontecer, e a gente sabe que, mais do que nunca, é preciso evitar precipitações, observar as várias "verdades" que andam pelas redes sociais e mídias e buscar o melhor caminho. Nesse Carnaval contido pelas circunstâncias da pandemia, a hora é de pensar em sonhos, fantasias e realidades futuros, quem sabe com mais Arlequins do que Pierrots e, claro, com saudáveis e lindas Colombinas. Bom Carnaval a todos!

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