09 DE FEVEREIRO DE 2022
SERVIÇO PÚBLICO
Ataque hacker prejudica acesso a serviços do governo estadual
Um ataque hacker tirou do ar a maioria dos portais do governo do Rio Grande do Sul, impedindo acesso a serviços e informações. A invasão ocorreu durante a madrugada, ontem, e, segundo a Secretaria de Planejamento e Gestão, não resultou em furto ou vazamento de dados. Até o final da tarde, a maioria dos sites vinculados ao governo continuava fora do ar. Às 19h30min, todas as páginas foram restabelecidas, segundo o Estado.
A invasão aconteceu à 1h01min e foi identificada 18 minutos depois por plantonistas da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs). Após primeira varredura, por precaução, todos sites foram retirados do ar à 1h50min.
- O sistema não caiu. Houve uma "pichação", sem maiores problemas. Entraram nos sites e deixaram lá uma mensagem. Não teve nenhum acesso a sistemas que detêm alguma base de dados. Tão logo foi identificado, começamos a atuar e, por prevenção, tiramos os portais do ar - diz o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Claudio Gastal.
Assinada por Shawty Boy (pseudônimo já usado em invasões de sites de prefeituras catarinenses ano passado), a mensagem deixada na capa do site do Procergs dizia que a companhia caiu na hackeada da Paraná Cyber Mafia. No texto, o hacker ainda atacou iniciativas de isolamento contra a pandemia de covid-19 e a classe política em geral, além de dizer que todos os serviços online do RS seriam afetados, o que não aconteceu.
Ainda pela manhã, a Procergs emitiu nota confirmando o ataque. "Nesta madrugada houve um acesso indevido em alguns sites do governo do Estado do RS. Ainda durante a madrugada, a Procergs, por meio de suas monitorias ativas, identificou e bloqueou esta iniciativa. Todas as providências para sanar essa situação já foram tomadas. O evento se deu em um ambiente restrito e sem vazamento de dados. Todos os cuidados estão sendo tomados para retorno dos serviços afetados com a maior brevidade possível", informou o órgão.
Os sistemas internos do governo permaneceram funcionando durante todo o dia, permitindo o trabalho nas repartições públicas. A Delegacia Online da Polícia Civil também ficou no ar, tornando possível o registro de ocorrências.
A derrubada preventiva de 18 sites pela Procergs, porém, impediu consultas públicas no site do Detran e agendamentos para confecção de carteiras de identidade no Instituto-Geral de Perícias (IGP), bem como o acesso a dados e serviços em algumas das principais pastas do governo, como as secretarias da Fazenda, da Saúde e da Segurança Pública.
Transtornos
O autônomo Bernardo Vieira Apoitia não conseguiu emitir notas fiscais pelo sistema da Fazenda para caminhões que fazem carregamento de melancia em Rosário do Sul. Sem a documentação, os veículos ficaram parados.
- É complicado, porque temos cargas aqui que vão para Rondônia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro. Rosário tira média de 30 mil a 40 mil frutas por dia. Está tudo parado aqui - lamentou Apoitia.
A Secretaria da Fazenda assegurou que estava buscando alternativa para liberar o transporte de mercadorias. Já a Secretaria da Saúde garantiu que a falha não afeta o atendimento aos pacientes. Segundo a pasta, o problema apenas impedia a apresentação dos dados da covid-19, como histórico de vacinação, casos, óbitos, ocupação de UTIs e leitos clínicos.
- O governo não parou. Claro que alguns serviços foram afetados, sobretudo para quem precisava acessar via site. Mas o atendimento continuou normal - comentou Gastal.
Apesar da repercussão do ataque, a Polícia Civil não foi acionada. De acordo com o titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos, delegado André Anicet, não houve comunicado oficial tampouco registro de ocorrência:
- Temos informações de que o Piratini ainda está avaliando a situação. Parece que não houve furto nem vazamento de dados. A partir do momento em que houver notificação oficial, vamos atrás.
Segundo Gastal, a prioridade foi conter a invasão, mas depois se tentará descobrir a origem dos ataques.
FÁBIO SCHAFFNER KATHLYN MOREIRA
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