quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022


15 DE FEVEREIRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

SOCORRO EMERGENCIAL

À medida que o quadro das lavouras de verão fica mais consolidado, é possível mensurar melhor os estragos causados pela estiagem severa que assola o Rio Grande do Sul desde o final do ano passado. As perdas bilionárias são inevitáveis, com impacto certo no PIB do Estado em 2022 e na renda de milhares de agricultores e pecuaristas. A Emater calcula, por exemplo, uma quebra acima de 40% na soja, plantação de maior peso econômico, e superior a 50% no milho, de grande importância para o setor de proteína animal. Apenas o que deixará de ser colhido nestes dois grãos significa um prejuízo imediato de R$ 33 bilhões.

Ao lado de iniciativas estruturais que permitam o avanço na irrigação para as próximas safras, mitigando os efeitos de futuros períodos de falta de chuva, são urgentes medidas de curto prazo. É preciso socorrer e amenizar a preocupação de quem vive da produção no campo e vê, a cada dia, lavouras fenecerem e criações perderem peso e diminuírem a produção de leite.

A ministra da Agricultura, Teresa Cristina, esteve há mais de um mês no Noroeste do Estado. Acompanhada de grande comitiva, ouviu reivindicações dos produtores. Disse que esperava, em breve, anunciar medidas com efeitos imediatos, para enfrentar os danos da estiagem atual, e estruturantes, voltadas a atenuar potenciais perdas das secas que recorrentemente afetam o Rio Grande do Sul. Um dos pedidos foi a abertura de crédito emergencial. Até agora, infelizmente, quase nada foi anunciado pelo governo federal, a não ser recursos para equipamentos e cestas básicas para alguns municípios.

O governador Eduardo Leite esteve na última terça terça-feira em Brasília tratando do tema. Leite também passou o recado de que o ministério faria, nos próximos dias, o anúncio de linhas emergenciais. Uma semana depois, nada foi apresentado. As restrições orçamentárias do governo federal, por certo, estão por trás da demora para se encontrar uma solução que não pode tardar muito mais. É oportuna, neste sentido, a missão organizada pela Assembleia que estará hoje e amanhã em Brasília, pressionando pelo devido apoio à agropecuária gaúcha.

O Piratini, por sua vez, anunciou no início de janeiro o subsídio de 100% dos valores do Programa Troca-Troca de sementes de milho e sorgo. É um alívio considerável para pequenos produtores. Formou ainda uma força-tarefa para firmar convênios com municípios e construir seis mil microaçudes, ao custo de R$ 66 milhões. Disponibilizará outros R$ 107 milhões para cisternas, poços artesianos e caixas d?água. São iniciativas válidas, sem dúvida, mas mesmo que vençam a burocracia e as obras andem celeremente seus benefícios não são de curtíssimo prazo, no tempo que a crise hídrica atual exige.

O Estado está com mais de 400 municípios em situação de emergência. São quase 260 mil propriedades rurais afetadas com perdas na soja, no milho, no feijão, na fruticultura, na olericultura, na produção leiteira e na pecuária de corte, entre outras atividades. Os prejuízos não ficam restritos ao campo. Se refletem no comércio das cidades, nos serviços, na indústria e na arrecadação de impostos. Aguardam-se, portanto, as prometidas medidas de apoio emergencial, enquanto se tenta avançar em ações que possam significar ampliação da área irrigada no Rio Grande do Sul nas próximas safras.

OPINIÃO DA RBS

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