07 de setembro
de 2013 | N° 17546
VIDA MODERNA
QUANDO A NECESSIDADE VIRA
VÍCIO
FOBIA SOCIAL E DEPRESSÃO
SÃO ALGUMAS DAS DOENÇAS QUE ESTÃO POR TRÁS DO USO EXAGERADO DE
APARELHOS ELETRÔNICOS
Quem nunca levou o
celular para a cama – com a desculpa de que vai servir como
despertador – e, antes de dormir, deu uma conferida no Facebook ou
no Instagram? E o que seria uma rápida visualização acabou tomando
horas de um tempo que deveria ser para repouso?
Essa situação, além de
outros problemas gerados pelo uso excessivo da tecnologia, está se
tornado cada vez mais comum.
Para o psiquiatra e
professor de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) Raphael
Boechat, a insônia é um dos sintomas de quem passa tempo demais em
frente às telas. O estímulo visual contínuo e a atenção aos
conteúdos tendem a prejudicar o sono, uma vez que o cérebro demora
um tempo para diminuir as atividades, explica.
Além do sono, a
psicóloga Sylvia van Enck, do Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
afirma que o excesso de tempo no computador influencia em funções
psicológicas e mesmo físicas. A pessoa pode ter problemas com
postura e de visão, entre outros. Mas são as questões sociais que
costumam ser mais prejudicadas.
– Quem comete exageros
pode desenvolver fobia social, recusando o contato real com outras
pessoas, além de depressão, transtorno de ansiedade e dificuldade
no controle da impulsividade – explica.
Apesar dos riscos do uso
excessivo, o professor de psicologia da UnB Fábio Iglesias afirma
que não se deve atribuir à tecnologia a causa dos transtornos
sociais e psicológicos.
– Esses problemas
sempre existiram. Os eletrônicos apenas lhes conferem uma nova
roupagem. Por exemplo, antigamente havia pessoas compulsivas para
olhar a caixa postal. Hoje, temos aquelas que checam o e-mail a cada
meia hora.
O medo de novas invenções
também não é exclusivo dos tempos atuais.
– Costumamos fazer um
paralelo com o que já aconteceu, como o surgimento da televisão. Na
época, muitos diziam que a TV poderia viciar as pessoas. Hoje temos
a consciência de que o televisor não é um vilão – aponta
Iglesias.
Para o psicólogo, o bom
senso é um forte aliado para que o usuário de aparelhos móveis se
policie quanto ao uso.
– A pessoa tem que
perceber quando se torna inconveniente ou prejudicial para si mesma e
para os outros. Durante a aula, no cinema ou numa conversa, usar
celulares, tablets ou computadores é desagradável e pode incomodar
quem estiver em volta.
Ao fazer estudos sobre
pessoas que sofriam com dependência da internet, a psiquiatra
americana Kimberly Young identificou algumas situações comuns:
- Preocupação excessiva
com a internet (por exemplo, com o próximo acesso à rede)
- Necessidade de usar a
internet com tempo cada vez maior, a fim de obter a excitação
desejada
- Esforços repetidos e
fracassados no sentido de controlar, reduzir ou cessar com o uso da
internet
- Inquietude ou
irritabilidade, quando tenta reduzir ou cessar o uso da internet
- Permanecer mais tempo
online do que pretendia
- Colocar em risco ou
perder um relacionamento significativo, o emprego ou uma oportunidade
educacional ou profissional por causa de um game ou internet
- Mentir para familiares,
para o terapeuta ou outras pessoas para encobrir a extensão do seu
envolvimento com a internet
- Usar a internet como
forma de fugir de problemas ou de aliviar o humor disfórico (por
exemplo, sentimentos de impotência, culpa, ansiedade e depressão).
DA PRESS/CORREIO
BRAZILIENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário