Jaime
Cimenti
Política, arte, paixão e sujeição
Benin
é o romance de estreia do jornalista porto-alegrense José Luiz Pereira da
Costa, também formado em Direito. Após participar da pioneira missão brasileira
à África, em Dakar, no Senegal, viajou mais de duas décadas por vários países
da África e os que acolhem a diáspora africana, pelas Américas.
Autor
de ensaios, conferências e reportagens também em língua inglesa, agora lançou o
caudaloso romance Benin, pela Editora Chiado, casa de porte internacional. José
Luiz aproveitou a bagagem de muitas viagens para a Costa do Marfim, Senegal,
Nigéria, Libéria, Moçambique, Cabo Verde e outros países, e as juntou com
muitas leituras e pesquisas para construir sua narrativa em que o pano de fundo
é o Reino de Benin.
Histórias
de família e fantasias de jovem levam Cláudio em busca das origens de um príncipe
africano que seria seu parente. Um príncipe que viveu em Porto Alegre desde o
início do século até 1935, quando faleceu.
O
homem se dizia ou era príncipe. Histórias antigas davam conta de tratar-se de
um obá destituído, que teria vindo a Porto Alegre para viver. Dizem que o príncipe
era rico, que recebia uma pensão vitalícia, mensal, através de um banco inglês,
que possuía cavalos de corrida e era amigo de líderes políticos proeminentes. Chamavam-no
de príncipe Custódio e ele era especialista em ervas e seguidor de religião
natural, praticante de medicina nativa e psicologia empírica.
Um
retrato em sépia e a apostila de direito que o continha motivaram Cláudio a
embrenhar-se numa frenética pesquisa que o leva ao Reino de Benin do século
XIX, fascinante mundo da arte antiga, mundialmente reconhecida.
Era
o tempo em que as potências europeias se adonavam da África. Chefes tribais e
reis de nações-Estado se associam a missionários europeus e mercadores de
escravos. O romance mostra o interior de uma sociedade complexa, pintada por
vezes de forma aterradora, revelando o sacrifício mandatário, por imposição de
divindades, das crianças gêmeas ou os ritos de crucificação.
O
romance narra a amizade de Cláudio com seus tios Pedro e Custódio e o português
Joaquim. Pedro vai para os Estados Unidos, onde verá o Renascimento do Harlem. Joaquim
vai para o Brasil, seu sonhado eldorado, e Custódio realiza a metáfora proposta
no início da narrativa. Enfim, o leitor tem pela frente altas doses de política,
arte, paixão e sujeição e oportunidade de conhecer melhor o ainda misterioso
universo africano. Chiado Editora, 334 páginas, info@chiadoeditora.com.
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