sexta-feira, 10 de maio de 2013


Jaime Cimenti

Política, arte, paixão e sujeição

Benin é o romance de estreia do jornalista porto-alegrense José Luiz Pereira da Costa, também formado em Direito. Após participar da pioneira missão brasileira à África, em Dakar, no Senegal, viajou mais de duas décadas por vários países da África e os que acolhem a diáspora africana, pelas Américas.

Autor de ensaios, conferências e reportagens também em língua inglesa, agora lançou o caudaloso romance Benin, pela Editora Chiado, casa de porte internacional. José Luiz aproveitou a bagagem de muitas viagens para a Costa do Marfim, Senegal, Nigéria, Libéria, Moçambique, Cabo Verde e outros países, e as juntou com muitas leituras e pesquisas para construir sua narrativa em que o pano de fundo é o Reino de Benin.

Histórias de família e fantasias de jovem levam Cláudio em busca das origens de um príncipe africano que seria seu parente. Um príncipe que viveu em Porto Alegre desde o início do século até 1935, quando faleceu.

O homem se dizia ou era príncipe. Histórias antigas davam conta de tratar-se de um obá destituído, que teria vindo a Porto Alegre para viver. Dizem que o príncipe era rico, que recebia uma pensão vitalícia, mensal, através de um banco inglês, que possuía cavalos de corrida e era amigo de líderes políticos proeminentes. Chamavam-no de príncipe Custódio e ele era especialista em ervas e seguidor de religião natural, praticante de medicina nativa e psicologia empírica.

Um retrato em sépia e a apostila de direito que o continha motivaram Cláudio a embrenhar-se numa frenética pesquisa que o leva ao Reino de Benin do século XIX, fascinante mundo da arte antiga, mundialmente reconhecida.

Era o tempo em que as potências europeias se adonavam da África. Chefes tribais e reis de nações-Estado se associam a missionários europeus e mercadores de escravos. O romance mostra o interior de uma sociedade complexa, pintada por vezes de forma aterradora, revelando o sacrifício mandatário, por imposição de divindades, das crianças gêmeas ou os ritos de crucificação.

O romance narra a amizade de Cláudio com seus tios Pedro e Custódio e o português Joaquim. Pedro vai para os Estados Unidos, onde verá o Renascimento do Harlem. Joaquim vai para o Brasil, seu sonhado eldorado, e Custódio realiza a metáfora proposta no início da narrativa. Enfim, o leitor tem pela frente altas doses de política, arte, paixão e sujeição e oportunidade de conhecer melhor o ainda misterioso universo africano. Chiado Editora, 334 páginas, info@chiadoeditora.com.

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