06
de maio de 2013 | N° 17424
PAULO
SANT’ANA
Houve um gol do Juventude?
Ficou
claro nas primeiras escaramuças sobre esse escândalo das áreas ambientais dos
governos do Estado e de Porto Alegre que a demora na concessão de alvarás,
cujas solicitações se empilham aos milhares nos órgãos competentes – a demora,
repito, é a grande aliada da corrupção.
Quanto
mais demora a licença, mais fica nervoso o solicitante e por isso tende a
tentar corromper o servidor público. Vejam aí que nessa hipótese se beneficia o
servidor público ou autoridade que aceita propina com a demora.
Quanto
mais demorada a licença, maior deverá ser a eventual propina.
Mas,
paralelamente, aqui no Brasil, existe uma insistente rotina: quase sempre, nos
escândalos em que servidores públicos ou autoridades se corrompem, não aparecem
os corruptores. Estranho isso: não há corrompido se não houve corruptor.
Você,
leitor, já ouviu alguma vez alguém punido por subornar ou tentar subornar o
guarda de trânsito?
Nunca.
No entanto, aqui no Brasil só se acha grave o guarda de trânsito que se
corrompe. Quanto aos motoristas que o corromperam, estes escapam quase sempre
ilesos.
Sendo
assim, somam-se aos milhares os guardas de trânsito que foram demitidos por
terem sido subornados. Caso também de milhares de corruptos que foram punidos
em outras circunstâncias.
Quanto
aos que pagaram as propinas, necas de pitibiribas.
E,
nesse escândalo da área ambiental gaúcha, aparecerão também os que pagam
propinas? E não só os que recebem propinas?
Esperemos
para ver.
Em
primeiro lugar, quero deixar bem claro, para que não pairem dúvidas a respeito,
que envio a todos os colorados os meus parabéns pela conquista de mais um título
gaúcho.
Primeiro
a minha elegância de vencido.
Em
segundo lugar – aí é que está o problema –, nas duas últimas decisões, na fase
semifinal e ontem, na finalíssima do turno, houve grandes problemas com as
arbitragens, casualmente todos favorecendo o Internacional.
No
jogo decisivo entre Juventude e Grêmio, aconteceram dois gols gremistas
anulados pela arbitragem.
Um
dos gols foi límpido, claro, incontestável, o de Vargas. E, no segundo lance, vão
pairar para sempre dúvidas. Muita gente entendendo que foi legítimo, outros
opinando o contrário.
Qualquer
dos dois gols que fosse aceito pela arbitragem modificaria completamente a
decisão de ontem, o Grêmio teria ido para a final do turno.
E
ontem foi anulado um gol do Juventude que a Rádio Gaúcha declarou que foi gol
legítimo, e o Maurício Saraiva, da RBS TV, considerou ilegítimo.
Portanto,
a conquista colorada fica, assim obnubilada, ensombrecida pelos erros de
arbitragem em duas partidas decisivas.
Os
leitores hão de perguntar: mas que tem a ver o Internacional com erros
decisivos de arbitragem em jogo do Grêmio?
Parece-me
muito claro que, fosse o Grêmio a decidir com o Inter o turno, a tarefa do time
de Dunga seria muito mais difícil.
Mas,
como tudo na vida depende de arbitragem, há a Justiça que decidir sempre sobre
os fatos humanos, sendo que qualquer juiz, jurado, tribunal ou árbitro de
futebol pode errar, deixemos esses fatos ocorridos nas duas últimas rodadas do
Gauchão que se decidiu ontem debruçados sobre uma recordação dominada, no mínimo,
pelas dúvidas.
Só quero
lembrar que o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto,
chefe supremo dos árbitros, é ou foi conselheiro do Internacional.
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