03
de maio de 2013 | N° 17421
PAULO
SANT’ANA
Saúde abandonada
Um
fato ocorrido esta semana em Brasília, trazido à baila pela Carolina Bahia, me
dá razão na tese insólita e inédita que defendi ao ser contrário à realização
da Copa do Mundo e da Copa das Confederações no Brasil.
A
Polícia Militar estava comprando na semana passada 20 mil capas de chuva para
seus integrantes a fim de policiarem a Copa das Confederações, que também será realizada
em Brasília em junho.
No
entanto, foram ver e constataram que em junho, mês em que se realizará a Copa
das Confederações no Brasil e em Brasília, faz 40 séculos que não chove. Se não
chove em Brasília e em Cancún há séculos durante o mês de junho, para que
gastar cerca de R$ 6 milhões em capas de chuva?
É o
desperdício geral, por isso sou contra as duas Copas no Brasil.
Dou
a palavra ao colega Moisés Mendes, para que eu não fique sozinho em minha opinião.
Eis o que disse Moisés Mendes: “O argumento de que o dinheiro gasto com a
realização das duas Copas não pertence à saúde pública não se sustenta. Tens
razão, Sant’Ana, quem está em dificuldades para manter emergências nos
hospitais e faz fila trágica de doentes para cirurgias e consultas não pode
fazer uma festa, no caso a Copa do Mundo e a das Confederações”.
O
caso das capas de chuva de Brasília é insignificante perto da fortuna colossal
que os cofres públicos estão gastando para fazer as Copas.
Enquanto
isso, morrem os doentes e fenecem as emergências dos hospitais, os jornais dão
conta disso todos os dias.
Estou
com o Moisés. É calça de veludo com os fundilhos de fora.
Quem
tinha de fazer Copa do Mundo seriam os países desenvolvidos, os que não
abandonassem seus doentes como acontece no Brasil.
Mas
quem tem cartão de saúde ou pode pagar seu próprio atendimento, esses são a
favor da Copa do Mundo no Brasil. Eu tenho e não sou favorável a esse absurdo.
Juro
que não é demagogia, eu sou só a favor dos doentes do Brasil.
Com
a construção pelo poder público brasileiro de inúmeros estádios para as Copas e
a reforma bilionária do Maracanã, campos férteis para o superfaturamento, o
Brasil poderia instalar um sistema modelar de saúde pública para atendimento
gratuito.
A
presidenta Dilma, faça-se justiça, foi obrigada por Lula a prestigiar as Copas
no Brasil. Por ela, não sairiam estas duas Copas aqui.
Mas
Lula insistiu e foi o inspirador desse desvario.
E as
duas Copas juntas servirão para jogos que durarão menos de 60 dias apenas.
Mas
dizem que os estádios ficarão de pé e serão úteis no futuro. O quê? Que
utilidade terá o faustoso estádio de Brasília, cidade que não tem sequer um
grande clube de futebol?
É de
chorar ou dar risadas.
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