01
de maio de 2013 | N° 17419
REFERÊNCIA
DA ORLA
Do combate aos quiosques à maré que
inundou Fepam
Referência
da Fepam no Litoral Norte por longo período, Mattos’Alem Roxo era o homem
responsável por dar informações sobre balneabilidade e eventuais manchas de
óleo na areia. Depois disso, virou algoz dos proprietários de quiosques e voz
forte na defesa de fauna e flora – até entrar na mira dos órgãos de
fiscalização. Na segunda-feira, figurou entre os presos pela Polícia Federal.
Referência
em temas ambientais e principal figura da Fepam no Litoral Norte na década
passada, Mattos’Alem Roxo, preso na Operação Concutare, havia sido transferido
para a Capital, havia dois anos.
Aos
51 anos, o geólogo natural de São Leopoldo esteve à frente do escritório
regional da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) em Tramandaí
durante a discussão de temas polêmicos, como o boom imobiliário dos condomínios
fechados junto à Estrada do Mar e a remodelação dos quiosques à beira-mar.
Formado
em Geologia Ambiental pela Unisinos em 1995, Roxo entrou na Fepam em 1998.
Poucos anos depois, havia alcançado o posto de líder da instituição no Litoral
Norte. Apesar de ter exercido oficialmente o cargo de coordenador regional do
órgão entre julho de 2008 e maio de 2011, três anos antes já era o responsável
pelas principais ações da fundação na orla. Divulgava a balneabilidade, dava
entrevistas sobre fiscalização da pesca e liderava a investigação quando manchas
de óleo surgiam na areia, como em abril de 2010, entre praias de Cidreira e
Tramandaí.
No
verão de 2005, Roxo ganhou notoriedade ao monitorar a atuação de quiosques nas
beiras das praias do Litoral Norte, no período de Carnaval. Era a favor da
restrição do trabalho. No ano seguinte, fiscalizou a adequação destes
estabelecimentos a um Termo de Ajustamento de Conduta entre Fepam, Ministério
Público e prefeituras. Eles foram obrigados a diminuir seu tamanho e tirar as
mesas da areia. Nesta época, era comum ver Roxo em audiências públicas
defendendo medidas enérgicas para proteção da flora e da fauna.
Projetado
pela postura de ambientalista – chegando a integrar um movimento
não-governamental em defesa da Lagoa dos Quadros –, Roxo passou a ser
investigado pelo Ministério Público Estadual no mesmo ano que assumiu a
coordenação regional da Fepam. Nesse caso, a principal linha de investigação,
segundo o promotor Ricardo Herbstrith, da Promotoria Especialista Criminal,
envolve a liberação irregular para instalação de condomínios fechados na
região.
Suspeitas
desde 2011
A
vida profissional do geólogo mudou drasticamente em 2011. Em maio, quando a
associação formada por moradores e veranistas de Capão da Canoa conseguiu
pautar a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia para discutir
problemas ocorridos no licenciamento de empreendimentos imobiliários, ele foi
sacado do Litoral Norte pelo governo do Estado, sendo trazido para a Capital.
Meses depois, em outubro, o MP cumpriu mandados de busca e apreensão em sua
casa.
–
Estamos concluindo a investigação e as conclusões serão apresentadas em breve –
garante o promotor Herbstrith.
francisco.amorim@zerohora.com.br
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