08 de julho de 2016 | N° 18576
SUA VIDA
Diogo e Isabelle fizeram as pazes e muito sucesso
PEDIDO DE DESCULPAS do menino de quatro anos para a coleguinha de escola sensibilizou as redes sociais e motivou reflexões sobre gentileza
Era para ser apenas um singelo pedido de desculpas depois de um incidente corriqueiro em uma escola de Educação Infantil de Porto Alegre. Mas a foto de Diogo, quatro anos, segurando um vaso com pequenas violetas brancas virou sensação no Facebook durante a semana.
As flores foram compradas a caminho da escola, em um supermercado, como um presente para a colega Isabelle, também de quatro anos, que voltou para casa, numa quinta-feira à tardinha, com o joelho direito ralado.
Em meio à enxurrada de curtidas que a imagem de Diogo arrependido ganhou – cerca de 58 mil –, o rostinho de Isabelle ainda era desconhecido. Nos comentários da rede social, perguntavam: mas afinal, quem é a destinatária da gentileza?
Isabelle e Diogo são amigos. Escolheram um ao outro para formar um par na apresentação de São João, sábado passado. Quando se encontram, não param de brincar. No pátio da escolinha no bairro Partenon, os dois ficam felizes, agitados. “Ele é ligado no 220”, “Ela também”, comentavam as mães, que até o episódio não se conheciam. É preciso fôlego para acompanhá-los: “Calma, Diogo, espera a tua vez”. “Isabelle, deixa o Diogo sentar aí.”
Na semana passada, houve o incidente que acabou resultando no gesto sensível. Em fila, um atrás do outro, prontos para uma atividade escolar, Isabelle parou no meio de uma das escadas que havia no caminho. Diogo, o próximo da fila, empurrou a menina.
– Ele disse que queria que a fila andasse mais rapidamente – explica a professora da turma de Jardim Shaiany de Almeida, 29 anos.
VIOLETAS CONTRA QUALQUER VIOLÊNCIA
O menino foi chamado pacientemente pelas professoras da turma. Houve a conversa amigável, a repreensão necessária. “Não se pode fazer isso,” “Agora temos de pedir desculpas, né?” e o famoso “Vamos contar para a mãe, Diogo?”
Em casa, houve a conversa com a mãe. Diogo é o único menino em uma casa comandada por mulheres. Tavane Carvalho, 27 anos, conhecida como Tatá, viu na situação uma forma de ensinar o filho sobre a violência:
– Foi a primeira vez que aconteceu um caso assim. Não se pode agredir meninos nem meninas, falei isso para ele. Mas falei sobre agressividade especialmente com as mulheres. Não queremos que ele seja um homem machista.
No dia seguinte ao acontecimento, ela pediu conselho a outras mulheres da família pelo WhatsApp. Ficou decidido: comprariam um agrado à colega para, assim, deixar o pedido de desculpas mais sensível.
– A ideia veio de maneira muito espontânea. Passamos no supermercado antes da escola e ele escolheu as flores – conta Tatá.
Ao chegar na escola com Isabelle, naquela sexta-feira, Janira Heisler, 37 anos, foi surpreendida pelo gesto do colega. “Aceita, filha”, disse para a menina, que estava tão surpreendida quanto ela. Hoje, as violetas decoram a mesa da sala da casa de Isabelle.
– Quem tem filhos sabe que isso é normal entre crianças. Mas foi um gesto sincero da parte dele, eu vi nos olhinhos do Diogo – conta.
Tatá resolveu publicar a foto no Facebook. Dois dias depois, assustou-se com a repercussão. Ficou triste com críticas que recebeu, e ressaltou que, além das flores, conversou muito com filho sobre gentileza:
– As flores foram parte de algo maior que ensinei para ele.
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