04 de julho de 2016 | N° 18572
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
ORANGE IS THE NEW ORANGE
Agora que todo mundo começa a se recuperar do final da temporada de Game of thrones, outros assuntos se tornam mais uma vez possíveis. Mas não sem que se faça aqui uma pequena observação sobre o gran finale de Got: dava para saber, não dava? O nono episódio, com as batalhas, definiu o final antes do final. As mulheres assumiram o controle, e Cersei se juntou a elas, após botar para quebrar e mostrar pro tal High Sparrow o poder explosivo dos, bom, dos explosivos. Terminou, e agora, finalmente, já podemos olhar ao redor e ver o que mais acontece.
Orange is the new black, por exemplo, voltou, com a quarta temporada prontinha pra bingewatching intensivo na boa e nada velha Netflix. Orange is the new black nasceu do jeito que Got se tornou: uma série sobre mulheres. Mulheres de muitos jeitos e com muitas histórias de mulheres, reunidas no ambiente complexo de uma prisão no meio do nada. Se a violência física é menos real do que em uma prisão masculina, outras formas não menos violentas de violência andam à solta e por todo lado. Muitas forças as trouxeram até ali, muitas forças as mantêm ali, e assistimos a isso tudo entre divertidos e assustados, momento a momento.
Piper, a debutante nova-iorquina pega pelo sistema 10 anos após o crime, se transforma, gradualmente, em uma prisioneira. Na quarta temporada, ela já tem tempo de casa suficiente para querer ser a badass, expressão americana para quem bota para quebrar.
O sistema prisional americano é o que tem o maior número de gente presa, na sua vasta maioria, minorias. O sistema está em colapso, e a prisão agora precisa lidar com um número ainda maior de mulheres, o que adiciona tensão e desconforto ao que já era duro. Da dureza até a selvageria bastam segundos, e a quarta temporada está aí para provar.
Vejam, pensem e sintam. Já é um ótimo começo.
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