19 de julho de 2016 | N° 18585
EDUCAÇÃO
CRISE DITA DESAFIOS
AO ENSINO SUPERIOR PRIVADO
INSTITUIÇÕES PARTICULARES tentam manter a qualidade em um cenário de redução de custos e de matrículas
O aperto nas contas, que atinge as universidades desde o início do ano passado, significa que a construção de novos campi, a oferta de mais cursos e a revitalização de laboratórios, entre outros planos, acabam ficando para depois – quando não são cancelados. Neste contexto, prédios deixam de ser erguidos, salas não passam por reformas e profissionais ficam sem promoção.
CAMINHO MAIS LONGO ATÉ A FORMATURA
A crise atinge o bolso de todos. Para professores, que veem menos turmas sendo formadas, a quantidade de horas/aula diminui, o que tem influência direta nos salários. Para os estudantes, cada vez mais preocupados com as contas, o aproveitamento também pode cair e resultar em um período maior até a formação. Isso se não acabar levando à desistência.
– Neste ano, começamos efetivamente a ver quedas. Ninguém tem investido como investia nos anos anteriores, em razão de toda essa situação de incerteza que ainda se vive – explica o presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe) no Estado, Bruno Eizerik.
Os anos de expansão foram pavimentados, em especial, por dois objetivos: ampliar o acesso ao Ensino Superior, tanto na rede pública quanto na privada, e facilitar o pagamento das mensalidades ou aumentar as possibilidades de isenção a quem optasse por uma faculdade particular. Para tanto, foram criados diversos programas, como o Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), ambos sob coordenação do Ministério da Educação (MEC) e alvos de alterações que resultaram em cortes nos últimos anos.
PLANOS DE EXPANSÃO FICAM PARA DEPOIS
Esse caminho de ampliação, agora, chega a uma encruzilhada. Com orçamento cada vez mais contido, as faculdades, universidades e centros universitários da rede particular precisam não mais batalhar para crescer, mas lutar para conseguir se manter dentro da própria estrutura.
– Como a receita está diminuindo muito, temos de fazer ajustes. Há custos básicos, com professores, laboratórios, de que não podemos abrir mão. Mas outras iniciativas, como intercâmbio de professores e ampliação da infraestrutura, precisam ser revistas – diz José Carlos Carles de Souza, vice-presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung).
Responsáveis por abrigar a maior parte dos estudantes que estão matriculados em uma faculdade, as instituições particulares são fundamentais para que o Brasil possa atingir uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE): a de elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior de 34,2%, em 2014, para 50% até 2024. Como em uma difícil etapa do vestibular, são elas agora que terão de provar sua resistência.
guilherme.justino@zerohora.com.brGUILHERME JUSTINO
PANORAMA GAÚCHO |
INGRESSOS |
- 50% das instituições privadas do RS registraram queda de mais de 10% no número de ingressantes no primeiro semestre |
- Apenas um terço delas manteve a mesma quantidade de novos alunos que em 2015 |
CRÉDITOS |
- Em 55,6% das instituições, os alunos contrataram menos créditos no início de 2016 do que no primeiro semestre do ano passado |
-Em 27,8% delas, a redução passa de 10% |
PAGAMENTO |
- A inadimplência média ficou entre 10% e 15% em 2015 |
-61,1% das instituições de Ensino Superior do Estado informaram resultado piores nesse quesito do que em 2014 |
FIES |
- 56,3% é a redução na quantidade de contratos firmados pelo Fies no primeiro semestre de 2016, comparado com o mesmo período de 2015 |
NÚMEROS DO SETOR |
Fonte: Fonte: Sinepe/RS |
NO BRASIL |
Taxa de inadimplência nas instituições de ensino superior privadas (atrasos de mais de 90 dias), em % |
2009 10,0 |
2010 9,6 |
2011 8,5 |
2012 8,4 |
2013 7,9 |
2014 7,8 |
2015 8,8 |
2016 9,0* |
EM INSTITUIÇÕES DE PEQUENO PORTE |
(ATÉ 2 MIL ALUNOS) |
2013 9,2 |
2014 9,3 |
2015 10,4 |
EM INSTITUIÇÕES DE MÉDIO PORTE |
(DE 2 MIL A 7 MIL ALUNOS) |
2013 5,8 |
2014 5,5 |
2015 6,7 |
EM INSTITUIÇÕES DE GRANDE PORTE |
(ACIMA DE 7 MIL ALUNOS) |
2013 6,6 |
2014 6,7 |
2015 7,1 |
Fonte: *Previsão |
VAGAS OFERECIDAS PELO FIES |
2014 |
732 mil |
2015 |
278 mil |
2016 |
147 mil* |
Fonte: Fonte: Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário