segunda-feira, 11 de julho de 2016



11 de julho de 2016 | N° 18578+ 
ECONOMIA | Caio Cigana

Pedidos de recuperação sobem 242% no Estado

A combinação de recessão prolongada e alta dos juros que fez o país bater o recorde de pedidos de recuperação judicial no primeiro semestre de 2016 parece ter atingido o Rio Grande do Sul de forma ainda mais drástica. A busca pelo mecanismo, usado por empresas para se protegerem da cobrança de dívidas enquanto tentam se reestruturar, cresceu 87% no país nos seis primeiros meses do ano. No Estado, foram 113 companhias (12% do total nacional), alta de 242%.

Apenas em junho, mostra levantamento da Serasa Experian feito a pedido da coluna, foram 33 requerimentos. O número é igual a todo o primeiro semestre de 2015 no Estado.

O economista Luiz Rabi, da Serasa, lembra que, com a economia andando para trás, cai brutalmente a geração de caixa das empresas e, mesmo que o Banco Central (BC) pareça começar a se encaminhar para cortar a Selic a partir de outubro, as instituições financeiras no mercado seguem elevando suas taxas.

– Os bancos continuam encarecendo o crédito por causa da inadimplência. Ficam mais seletivos, criteriosos, e mesmo quem consegue empréstimo acaba tendo um custo financeiro mais elevado – aponta Rabi.

Outro ponto curioso, cita o economista, é a participação cada vez maior de grandes empresas nos números. Entre elas, empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. O caso rumoroso mais recente, mês passado, foi da telefônica Oi, que com uma dívida de R$ 65 bilhões é protagonista do maior processo de recuperação judicial do país.

– A participação das grandes empresas não passava de 15%, e agora chega a 20% – nota Rabi.

A expectativa da Serasa é de que o país feche 2016 com cerca de 1,8 mil pedidos de recuperação judicial. Se isso ocorrer, o número segue crescendo, mas desacelera.

PARTIU EXTERIOR

Os operadores de turismo perceberam que a queda do dólar nos últimos meses deu um empurrão na venda de pacotes internacionais. Aliado a promoções de companhias aéreas, o câmbio contribuiu para que a procura aumentasse no Rio Grande do Sul, principalmente no final do mês passado, quando a moeda americana bateu R$ 3,21, a menor marca em quase um ano, observa a Associação Brasileira das Agências de Viagens no Estado (Abav-RS). A moeda norte-americana fechou a semana passada a R$ 3,29, patamar 21% abaixo do pico da cotação no ano, em janeiro (R$ 4,16).

– Nas últimas semanas, a busca por viagens ao Exterior aumentou muito – diz o presidente da entidade, João Machado.

Conforme a CVC, a maior agência do país, os destinos turísticos internacionais mais procurados pelos gaúchos são Buenos Aires, Santiago, Punta Cana, Cancún, Orlando e Miami. Ao olhar para o cenário econômico nacional, a operadora nota que os brasileiros passaram a ser mais criteriosos no momento da escolha dos destinos. Assim, diante da crise, a viagem dos sonhos deu lugar à que se encaixa no bolso.

Essa mudança é ilustrada nas estatísticas da CVC, cujas vendas internacionais representam historicamente 40% de todo o volume anual. Com a alta do dólar, a partir de 2015 houve um recuo de 10 pontos percentuais, fatia incorporada aos deslocamentos dentro do país. No entanto, a situação vem retornando ao patamar considerado normal nos últimos meses. Desde março, a CVC observa a retomada da busca por destinos no Exterior, quadro atribuído em parte ao câmbio mais acomodado

A Abav nacional não conta com levantamento que mensure o movimento, mas projeta para julho alta de 6% a 8% nas viagens internacionais na comparação com o mesmo mês de 2015.

Parada climatizada

Parceria entre a Lojas Lebes e a prefeitura de Parobé traz um pouco mais de conforto aos usuários do transporte coletivo da cidade. Em frente à loja da rede, foi reformada uma parada de ônibus que conta com ar-condicionado e rede wi-fi. Seria a primeira climatizada e com internet no Estado, diz a empresa. A iniciativa – que tenta tornar a espera menos sofrida nos dias escaldantes de verão e gelados do inverno – poderá ser levada para outras cidades onde a Lebes atua.

Filé aéreo

Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio, somaram ano passado 28,2 milhões de embarques e desembarques, um quarto do movimento de todos os terminais hoje administrados pela Infraero. Os dois aeroportos têm grande fluxo devido à ponte aérea Rio-São Paulo e entraram no radar do governo federal para elevar a receita via privatizações.

O inevitável a caminho

O Planalto tenta desconversar, mas duas entrevistas publicadas no fim de semana mostram que a proposta de aumentar impostos é questão de tempo. Ao jornal Folha de S.Paulo, o presidente interino Michel Temer sinalizou possibilidade de aumentar a Cide, cobrada sobre combustíveis, e PIS-Cofins. Para O Estado de S. Paulo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, classificou a elevação de tributos como “plano C”, mas incluiu a hipótese de subir o IOF sobre movimentações financeiras. Especialistas em finanças públicas já alertaram que, apesar da gritaria, o ajuste fiscal ainda vai custar mais ao contribuinte.

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