29 de julho de 2016 | N° 18594
NÍLSON SOUZA
TOMBOS OLÍMPICOS
Morri de pena de dona Luiza Trajano, que desabou no asfalto com a Tocha Olímpica na mão, nas ruas de Franca, sua cidade natal. O vídeo da queda da empresária viralizou, evidentemente, e os comentários das redes sociais variaram da solidariedade ao deboche. Mas a proprietária da rede de lojas não deixou a tocha cair, nem interrompeu sua corridinha por causa das escoriações: levantou-se, completou o percurso e ainda deu uma emblemática volta por cima em postagem no Facebook: “Foi uma emoção tão grande, que até caí. Mas, como sempre faço em todos os meus tombos, levantei rápido e continuei a cumprir minha missão”.
Cumpriu mesmo. E os marqueteiros de sua empresa fizeram mais. Lançaram uma campanha denominada #CairFazParte e faturaram simpatia em cima do assunto. “Agora o que caiu foram os preços” – anunciaram, para transformar o incidente em bom negócio. Eis aí um exemplo inteligente que o prefeito do Rio poderia ter seguido quando começaram a surgir reclamações de atletas estrangeiros sobre os problemas estruturais da Vila Olímpica.
Mas o homem é daqueles que perde eleitores mas não perde as piadas – muitas delas de gosto duvidoso, como se viu na célebre conversa com o ex-presidente Lula sobre o sítio de Atibaia e agora na sugestão estapafúrdia de colocar um canguru na frente das instalações da Austrália. “Precisamos de encanadores, e não de cangurus” – disse o porta-voz do comitê olímpico australiano, em resposta inspirada. Só faltou sugerir que o mascote dos jogos passasse a ser Super Mario Bros, o encanador, em vez das figurinhas que homenageiam Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
O tombo do político foi bem mais feio do que o da empresária, principalmente porque ele demorou a pedir desculpas. Mas também já é passado. Agora, o importante é a torcida de todos nós para que os Jogos transcorram com normalidade e segurança, no clima de alegria e confraternização entre os povos que caracteriza o grande evento esportivo. Haverá, certamente, outras quedas, de atletas, de equipes, de favoritos e coadjuvantes. Os verdadeiros desportistas sabem que cair realmente faz parte do jogo e que até os fortes caem.
Mas, quando os fortes caem, levantam-se ainda mais fortes.
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