02 de julho de 2016 | N° 18571
ANTONIO PRATA
PARECERES
Tartarugas Ninja. Projeto extremamente confuso. Primeiro: se são ninja, não seria melhor bichos mais ágeis? Esquilos Ninja? Andorinhas Ninja? Camundongos Ninja? Segundo: se são ninja, o que nos remete ao Japão, por que têm nomes de artistas renascentistas: Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo? (Aliás, não creio que crianças de cinco a oito anos vão pegar a referência). Por último: se são tartarugas ninja com nomes renascentistas, por que raios o mestre delas é um rato chamado Splinter? Encontrem um rumo ou será fracasso garantido.
Xou da Xuxa. Não ficou claro se o produto é para adulto ou criança. Se é para criança, por que a apresentadora e suas assistentes trajam-se como manequins de sex shop? Se é para adulto, por que os desenhos animados e as gincanas com crianças? Os assistentes de palco se chamarem Dengue e Praga é de extremo mau gosto. Última dúvida: Xuxa vai embora numa nave espacial: ela é uma alienígena? Em caso afirmativo, a informação precisa ser aproveitada no resto do programa. Sugestão: passar o Xou na madrugada e fazer gincanas com adultos, mudar nomes de Praga e Dengue para Aquiles e Sansão e deixá-los só de sunga, besuntados em purpurina. Considerar luta no gel.
Bambi. Um desenho animado para crianças em que, logo de cara, a mãe do veadinho é abatida por caçadores? Vocês estão loucos?
Procurando Nemo. Uma animação para crianças em que, logo de cara, a mãe e todos os 80 irmãos do peixinho morrem devorados por um tubarão? Vocês estão loucos?
Annie Hall. Ninguém vai acreditar que a Diane Keaton esteja apaixonada por aquele baixote esquálido. Substituir Woody Allen por Billy Crystal ou Sylvester Stallone.
Manhattan. Ninguém vai acreditar que a Mariel Hemingway esteja apaixonada por aquele baixote esquálido. Substituir Woody Allen por Billy Crystal ou Sylvester Stallone. (E sem esse maneirismo de P&B, por favor! Estou pagando por uma atriz de olhos verdes e os quero aproveitados até o último centavo!).
João Gilberto. Um músico pode não ter voz, caso tenha presença de palco. Pode não ter presença de palco, caso tenha voz. Mas um músico que não tem voz, não tem presença de palco e sussurra canções infantis sobre patos enquanto dedilha aleatoriamente um violão?! Encontrem-me o novo Orlando Silva e não me venham com mais piadas.
Amy Winehouse. Em pleno século 21, quem quer ver uma inglesa, branca, judia e magrela cantando músicas de negros americanos da década de 1970? (Winehouse é uma piada autoirônica por causa dos problemas da moça com o álcool ou a pinguça chama mesmo Amy “Casadovinho”?!).
A morte de Ivan Ilitch. Mesmo tirando o spoiler do título (!!!), a história permanece absolutamente previsível. Protagonista adoece, piora, piora, piora e... Morre?! Sugestões: o protagonista, com muito pensamento positivo, supera a doença e vai atrás dos seus sonhos? Morre e volta como fantasma? Sei lá, mande o Tolstói deixar de ser preguiçoso e criar um final decente.
Crônica “Pareceres”. O Umberto Eco, em seu Diário mínimo, e a Maria Emília Bender, em artigo na Piauí, já fizeram essa brincadeira com muito mais graça e erudição. Arrume outro tema. Fale, sei lá, dos filhos. (Só não fale de política, porque além de não entender patavina do assunto todo mundo sabe que você é subornado pelo PT via Lei Rouanet, petralha maldito!).
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