sexta-feira, 8 de julho de 2016


Jaime Cimenti

O traço moderno da Livraria do Globo



A modernidade impressa - Artistas ilustradores da Livraria do Globo - Porto Alegre (Editora da Ufrgs - 656 páginas), de Paula Ramos, historiadora, jornalista, crítica de arte, professora e pesquisadora do Instituto de Artes da Ufrgs é mais uma grande contribuição da autora para o registro da história de nossas artes visuais. Nascida na gloriosa Caxias do Sul, próxima da radiante Bento Gonçalves, Paula foi repórter especial e editora da saudosa revista cultural Aplauso, é autora e organizadora de várias obras no segmento das artes visuais. Assina várias curadorias de arte moderna e contemporânea e é membro do Comitê Brasileiro de História da Arte e da Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas, entre outros.

Paula assina a coordenação editorial, a pesquisa e os textos. A produção executiva é de Gilberto Menegaz. Reproduções fotográficas são de Fabio Del Re e Carlos Stein. Capas e design gráfico são de Sandro Fetter e Paula Ramos. O tratamento de imagens é de Sandro Fetter, Martino Piccinini e Janaína Spode.

Com grande formato (30x24cm) e 1.368 imagens e textos, a obra mostra a bela história da Livraria do Globo a partir da modernidade de sua produção gráfica. Na primeira metade do século XX, lá brilharam os artistas ilustradores João Fahrion, Edgar Koetz, Nelson Boeira Faedrich, Sotero Cosme, João Faria Viana, João Mottini, Gastão Hofstaetter, Roswita Wingen-Bitterlich, Vitório Gheno e Ernst Zeuner, entre outros. O lançamento coincide com a exposição no Margs sobre a memória gráfica da Livraria do Globo, que vai até 21 de agosto próximo.

Depois da introdução de Paula sobre a ilustração na periferia da história da arte, o primeiro capítulo trata da história da Livraria do Globo, um orgulho eterno para os gaúchos e brasileiros. Modernidades em trânsito, o grande Mansueto Bernardi, regionalismos, Ernst Zeuner e as capas ilustradas dos anos 1920 estão aí.

No segundo capítulo figura a lendária Revista do Globo, uma das pioneiras do fotojornalismo. João Fahrion, um certo Erico Verissimo e Sotero Cosme brilham na revista que era muito querida por Getúlio Vargas. Nelson Boeira Faedrich e Edgar Koetz modernizam o traço.

O terceiro capítulo é dedicado à editora, com suas coleções, capas, livros de pequeno formato, espaço para autores nacionais e regionais e soluções geométricas tipográficas nas capas.

O fabuloso universo dos livros infantojuvenis e seus aspectos recreativos e educacionais está no capítulo quatro, com as coleções Infantil, Burrinho Azul, Aventura e Cinderela e a Biblioteca Nanquinote.

O último capítulo trata de tessitura de imagem, do expressionismo de Koetz, do encontro de Faedrich com Simões Lopes Neto e do lirismo e da melancolia de João Fahrion.

No final, epílogo, fontes e acervos consultados, referências e índice onomástico mostram onde Paula Ramos buscou elementos para construir seu verdadeiro tour de force. Agora que o Rio Grande está nessa situação, o livro de Paula e a história da Livraria do Globo vêm bem. A gente já deu certo.

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